A cópia

Quando regressei para Portugal, há 23 anos atrás, havia um programa televisivo que, guardadas as devidas proporções nada mais era do que a cópia do Casino do Chacrinha, o velho Abelardo Barbosa. O famoso Chacrinha dizia: “Em televisão nada se cria, tudo se copia”. Essa declaração é a mais pura verdade, basta olharmos ao redor do mundo e vermos a quantidade de programas que fazem a mesma coisa, em alguns casos até os nomes são os mesmos e a baixa qualidade dos mesmos é deprimente.
O triste é que, esse fato acontece também em nossas vidas. As pessoas não gostam de sua originalidade e por incrível que pareça, desejam ser a cópia de alguém. Se ser cópia já é algo ruim, pior é quando se deseja copiar alguém que tem um estilo de vida completamente desestruturado.
O povo de Israel desistiu de ser padrão, o modelo para o mundo e desejou ser uma cópia. Quis ser como as outras nações (1 Sm 8.5) e, é isso que acontece conosco, pois sempre queremos ser como os demais, sempre nos espelhamos em alguém e o temos como modelo e desejamos copiar o seu estilo de vida.
Em uma sociedade líquida, onde os que se afirmam cristãos copiaram os valores estabelecidos pela cultura vigente, é mister voltar a copiar o exemplo de Cristo e não o da sociedade. Estamos vivendo numa sociedade uniformizada, no período da produção em série, onde tudo é igual. O que vemos é um nivelar rasteiro e vulgar. Preconiza-se o “eu” em lugar do nosso e vai se buscando um novo modelo para seguir. Entretanto, a igreja necessita ser uma cópia do Senhor Jesus, até porque, cristão é aquele que tem o caráter de Cristo em sua vida. Sendo assim, ela, a igreja, deve ser o modelo para uma sociedade caótica e despersonalizada.
Logo, esta é a oportunidade do cristão verdadeiro, ser o que tem que ser, um exemplo e um modelo para uma sociedade pós-moderna. Ele faz parte da igreja e sendo igreja, é fundamental ser um modelo, tornar-se atraente, cair na graça do povo e ser completamente acolhedor. Quanto a igreja, ela precisa ser um espaço modelar, onde todos são aceitos e respeitados na sua individualidade e valorizados de igual maneira. Quando olhamos para esse tempo, podemos dizer que é o tempo de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
Essa é a oportunidade para que eu e tu nos levantemos assumindo ousadamente o papel de originais modelos que devem ser seguidos e não sermos cópias baratas de uma sociedade que alimenta o culto ao eu. É fundamental nesse momento chamar a responsabilidade para nós próprios e dizermos como o apóstolo Paulo: “Sede pois meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1) e vivendo a espelhar Cristo, poderemos influenciar os que nos rodeiam, ao ponto de desejarem copiar o nosso estilo de vida, ou seja, serem não uma cópia nossa, mas de Cristo.
A pergunta que fica é a seguinte: Quem é que tu vais copiar? Eu quero copiar o estilo de vida de Jesus e permitir que Ele viva através de mim. E tu?