A proliferação da injustiça

O livro de Eclesiastes é fascinante, pois nos mostra um homem que tem a capacidade contemplativa. Ele vive, mas tem a capacidade de observar a vida e o que estava acontecendo ao seu redor. A conclusão a que ele chegou foi que há um desejo no ser humano que é o de dominar o outro e, essa realidade é incontornável, pois o ser humano deseja sempre que a sua vontade seja feita.
Reina no ser humano esse desejo de domínio, de ser senhor e, assim sendo, querer dominar os outros. Nesse sentido, não encontramos resposta de nenhum quadrante político, pois todos desejam mandar, dominar o outro. Entretanto, o Pregador diz que a injustiça prolifera, portanto, o crime compensa. Essas são as suas palavras:
“Pensei muito sobre tudo que acontece debaixo do sol, onde as pessoas têm poder para prejudicar umas às outras. Vi perversos serem sepultados com honra; frequentavam o templo e hoje são elogiados na mesma cidade em que cometeram seus crimes. Isso também não faz sentido. Quando um crime não é castigado de imediato, as pessoas se veem incentivadas a fazer o mal” (Ec 8.9-11).
Quais as lições que o texto nos ensina?
A primeira lição que o texto ensina é que, se vivemos para dominar e passar por cima das pessoas, então vale a pena ser injusto. O ser humano tem memória curta e, por isso, o Pregador declara que os bons foram esquecidos e os maus foram honrados e por não se ver a justiça sendo executada, vale a pena ser injusto e praticar o mal. Portanto, o Pregador declara que quando vemos que a maldade prolifera e que a sentença tarda, a justiça não se concretiza e os injustos continuam vivendo regaladamente. A conclusão lógica é que vale a pena ser injusto e levar vantagem sobre os outros, segundo Eclesiastes.
A segunda lição que o texto ensina é que aqueles que são perversos e que fazem as coisas erradas são exaltados. O texto diz que aqueles que fazem o mal, quando morrem recebem horarias, são glorificados. Entretanto, os que são justos, que tem uma vida reta são completamente esquecidos e desprezados. Não vemos nas notícias a despedida de uma pessoa que passou a vida inteira trabalhando de modo digno e honesto.
O Pregador deixa claro que a nossa tendência natural é a prática da injustiça. Todos nós somos maus, corruptos na fonte e, por isso, queremos ter o controle da situação. Queixamo-nos dos perversos, mas a verdade é que nos esquecemos dos justos e que, somos por natureza injustos e quando não tememos a Deus, nossa trajetória é pelo caminho da injustiça.
O pregador mostrar que os que temeram a Deus foram esquecidos, mas os injustos exaltados. Será que vivemos para prejudicar os outros ou para buscar lhes fazer o bem e amá-las como a nós mesmos?