Ainda que…

O teólogo e escritor Bart D. Ehrman, disse o seguinte: “Se há um Deus todo-poderoso e compassivo neste mundo, porque é que existe tanta dor insuportável e tanto sofrimento inqualificável? O problema do sofrimento perseguiu-me durante muito tempo. Foi o que me fez começar a pensar na religião quando era jovem, e o que me levou a questionar a fé quando cresci. Por fim, foi a razão que me levou a perder a fé”. Entretanto, C. S. Lewis afirmou o seguinte: “Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é seu megafone para despertar o homem surdo”. Será o sofrimento um motivo plausível para uma pessoa perder a fé ou achá-la?
Neste momento tenho visto muitas pessoas questionando, bradando: por quê? Já ouvi de alguns que esse momento de dor os levou a se voltarem para Deus e outros a colocarem a existência de Deus em causa e confesso que entendo todos eles e não busco desculpas e muito menos justificativas para contrariá-los, simplesmente acolho-os em silêncio.
Quais são as situações que nos levam ao extremo e qual a nossa reação?
A Escritura apresenta-me três situações de extremos e mostra-me que devo permanecer firme em minha fé e confiança em Deus. Sendo assim, vejamos essas quais são essas situações extremas.
A primeira delas é uma crise generalizada e essa crise é anunciada em forma de canto pelo profeta Habacuque, e nesse sentindo, para entendermos a crise generalizada, devemos nos transportar para o mundo dos seus dias. O profeta diz: “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc 3.17-18). Que texto magnífico, pois o profeta diz que poderá viver e passar por toda e qualquer escassez e tragédia e ainda assim, não perderá a sua fé e vai se alegrar em Deus e exultar no Deus da sua salvação. Deus é a salvação e o Salvador. Ainda que eu perca tudo, não perderei a alegria, minha alegria está em Deus e exulto n’Ele que é o Deus da minha salvação.
A segunda é a crise do abandono, algo que a Escritura ao extremo quando diz: “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.” (Is 49.15). Deus diz através do profeta que todos podem nos abandonar e não tenho medo de dizer que todos já sentiram a sensação de abandono, mas veja o que o ETERNO diz: “eu não me esquecerei de ti”. Sendo assim, fique tranquilo!
A terceira e a mais cruel de todas descreve o momento em que estamos vivendo e que não gostamos de falar que é sobre a morte. Nesse aspecto, o rei Davi diz o seguinte: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” (Sl 23.4). Quando leio essa passagem lembro do filme Davi, interpretado por Richard Gere, pois é justamente no momento em que Davi vai enfrentar o gigante Golias que o argumentista nos situa esse salmo. A morte pode parecer certa, o vale pode ser tenebroso, mas sigo sem medo, pois o Deus da vida está comigo.
Ainda que…, não importa o que aconteça, pode a vida fazer a careta que fizer há a certeza de que o Mestre sempre estará presente, pois quando Ele ascendia aos céus deixou a seguinte mensagem: “eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20).