As consequências da guerra

A guerra sempre deixa um rastro de destruição e não apenas das cidades, que levarão anos para serem reconstruídas, mas também das pessoas que nelas habitam. Entretanto, é impossível apagar as terríveis lembranças das famílias que foram destruídas, trazer de volta os filhos que foram perdidos ou os sonhos que foram despedaçados. A guerra deixa um rastro doloroso de destruição e os sobreviventes terão que carregar consigo as marcas para o resto de suas vidas.
A guerra gera miséria e muito sofrimento, deixa os líderes impotentes ante as tragédias que assolam as pessoas. Quando lemos a Bíblia, nos deparamos com as mais variadas histórias e algumas dessas histórias versam sobre a tragédia da guerra e as suas atrocidades e não nos deixa ficar indiferentes a tal relato. Leiamos o texto:
“E sucedeu, depois disto, que Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército; e subiu e cercou a Samaria. E houve grande fome em Samaria, porque eis que a cercaram, até que se vendeu uma cabeça de um jumento por oitenta peças de prata, e a quarta parte de um cabo de esterco de pombas por cinco peças de prata. E sucedeu que, passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou, dizendo: Acode-me, ó rei meu senhor. E ele lhe disse: Se o Senhor te não acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar? Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ela: Esta mulher me disse: Dá cá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho. Cozemos, pois, o meu filho, e o comemos; mas dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá cá o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho. E sucedeu que, ouvindo o rei as palavras desta mulher, rasgou as suas vestes, e ia passando pelo muro; e o povo viu que o rei trazia cilício por dentro, sobre a sua carne, E disse: Assim me faça Deus, e outro tanto, se a cabeça de Eliseu, filho de Safate, hoje ficar sobre ele. Estava então Eliseu assentado em sua casa, e também os anciãos estavam assentados com ele. E enviou o rei um homem adiante de si; mas, antes que o mensageiro viesse a ele, disse ele aos anciãos: Vistes como o filho do homicida mandou tirar-me a cabeça? Olhai pois que, quando vier o mensageiro, fechai-lhe a porta, e empurrai-o para fora com a porta; porventura não vem, após ele, o ruído dos pés de seu senhor? E, estando ele ainda falando com eles, eis que o mensageiro descia a ele; e disse: Eis que este mal vem do Senhor, que mais, pois, esperaria do Senhor?” (2 Rs 6.24-33).
Quais são as lições que aprendemos com esse texto?
A primeira realidade que o texto ensina é que um dos resultados da guerra é a fome. O texto deixa isso claro ao explorar o drama de duas mães que dialogam e decidem matar seus filhos para que possam comê-los. No entanto, uma delas decidiu não cumprir com a palavra e poupou o filho da morte. A outra, diferentemente, matou e cozinhou o seu filho e ainda queixou-se ao rei por tal tragédia. Ao saber sobre o trágico acontecimento, o rei entristeceu-se, humilhou-se e sentiu todo o sofrimento vivido por aquela mulher. Portanto, a guerra gera dores e tragédias que ultrapassam as questões governamentais.
A segunda realidade que o texto ensina é que a guerra faz com que os preços disparem. A guerra gera escassez, amenta o desespero e faz com que os preços de todas as coisas aumentem e cheguem a um patamar insuportável, fazendo assim que a injustiça cresça e gere ainda mais violência. Diante do que a guerra faz, não podemos esperar dias melhores e precisamos estar preparados para isso.
Por último, o texto ensina que os líderes tentam se desculpabilizar, atirando a responsabilidade para outros. O texto diz que o rei exime sua responsabilidade culpando Eliseu, o profeta do Senhor e, em última análise, o próprio Senhor. Portanto, nada do que acontecia era por causa da sua gestão e forma de governar, pois a culpa é sempre de outrem. Percebemos que essa é a mesma estratégia utilizada pelos líderes da atualidade que diante das crises não assumem os seus erros e fracassos e buscam culpar sempre outros.
A Bíblia é clara e mostra-nos que as consequências da guerra são nefastas e que o homem sempre irá tentar justificar-se e não assumir os seus erros. Contudo, a Bíblia nos garante que Deus não é apanhado de surpresa e que Ele é o Deus que age e cuida do seu povo. Apesar de toda tragédia, é fundamental saber que Deus está vendo e tem tudo sob controle.