As lições do sofrimento

A questão do sofrimento é desafiante e também é verdade que, ao refletir sobre tal tema, a pessoa pode abandonar a fé. Portanto, o tema do sofrimento é um desafio que o autor de Eclesiastes observou desde a sua perspectiva hebreia, que via no sofrimento uma finalidade educativa, ao afirmar que o sofrimento pode ter um lado pedagógico. É fato que o sofrimento quando o encaramos e o vivemos com significado, poderá ser para o nosso fortalecimento ou, então, quando não conseguimos vislumbrar sentido nele, ele nos afasta da fé. O Pregador falou sobre o sofrimento e afirmou que este é elucidativo e educativo. Eis o que ele afirmou
“Uma boa reputação vale mais que perfume caro, e o dia da morte é melhor que o do nascimento. É melhor ir a funerais que ir a festas; afinal, todos morrem, e é bom que os vivos se lembrem disso. A tristeza é melhor que o riso, pois aperfeiçoa o coração. O sábio pensa na morte com frequência, enquanto o tolo só pensa em se divertir. É melhor ouvir a repreensão do sábio que o elogio do tolo. O riso do tolo some depressa, como espinhos que estalam no fogo; isso também não faz sentido” (Ec 7.1-6).
Quais são as lições que aprendemos com este texto?
A primeira lição que o texto ensina é que a morte nos faz perceber que precisamos viver uma vida sadia. O Pregador inicia falando do nome e, na mentalidade hebraica o nome falava da natureza da pessoa, do seu carácter. Portanto, falava da vida da pessoa e como ela se apresentava. Sendo assim, o autor afirma que a vida precisa ser vivida com seriedade, é preciso viver com sentido, pois no sofrimento da morte devemos aprender a viver com sentido e a refletir sobre a vida e o que estamos a fazendo com ela. O conselho dado é para irmos à casa onde há luto, onde há tristeza e dor. Onde as pessoas estão sofrendo a dor da perda e, a razão para tal atitude é que diante da morte nós pensamos na vida.
O desafio do Pregador é para que vivamos com sentido, sendo pessoas de carácter e não apenas de aparência. Vivendo vidas honestas que falam o que realmente somos e também para que aprendamos a valorizar a vida, mesmo que para isso acontecer tenhamos que estar diante da perda de um ser querido.
A segunda lição que o texto ensina é que a tristeza quando vivida com sentido nos humaniza. O texto retrata a vida interior e a experiência que vai se adquirindo com o passar dos anos. O autor afirma que quem aprende com as tragédias da vida, cresce e torna-se mais humano. Assim, é por isso que o autor observa o sofrimento e não declara que as esse é merecido pelas pessoas, nem afirma que as tragédias sejam castigo de Deus. Entretanto, ele não diz que devemos rejeitá-los, mas que diante das tragédias e do sofrimento,podemos aprender a ser pessoas até mais sensíveis, até porque as experiências negativas acontecem e irão acontecer sempre.
Por último, o texto ensina que a disciplina corretiva é melhor que os elogios vazios. Não gostamos de ser chamados a atenção, nem de ser corrigidos, mas o que forja o nosso carácter não são os muitos elogios e sim a repreensão, a disciplina. O autor afirma que os elogios são como espinhos fazendo barulho debaixo da panela, são fogo que aquece, mas logo arrefece. Entretanto, aquele que aceita a correção e a disciplina cria para si valores e aprende a encarar a vida. Portanto, ele está afirmando que pessoas vazias só fazem barulho. Elogiam, falam, mas não acrescentam algo de real valor. O autor está dizendo para não nos deixarmos seduzir pelos elogios que são passageiros.
É preciso saber que a correção pode até ser dolorosa, desagradável, mas ela molda o carácter e produz crescimento. O que preferes, elogios ou orientação?