Autorealização

O desejo de conseguir as coisas é normal, pois querer ser uma pessoa realizada na vida faz bem. Almejamos ser pessoas bem-sucedidas e, para isso, investimos nossas vidas em sonhos e projetos que imaginamos que nos darão o tão esperado sucesso. Por isso, muitas vezes pensamos que a nossa autorealização encontrar-se-á na fama, no dinheiro e desgastamos a investir a nossa vida a correr atrás dessas coisas. A realidade é que desejamos ser pessoas realizadas e queremos ser bem-sucedidos. Entramos na realidade da competição desenfreada para almejarmos o nosso lugar ao sol. O autor de Eclesiastes tratou dessa realidade da seguinte maneira:
“Então observei que todo esforço e trabalho é motivado pela inveja que as pessoas sentem umas das outras. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento. "Os tolos cruzam os braços e se arruínam." E, no entanto, "É melhor ter um punhado com tranquilidade que dois punhados com trabalho árduo e correr atrás do vento". Observei outra coisa que não faz sentido debaixo do sol. É o caso do homem que vive completamente sozinho, sem filho nem irmão, mas que ainda assim se esforça para obter toda riqueza que puder. A certa altura, porém, ele se pergunta: "Para quem trabalho? Por que deixo de aproveitar tantos prazeres?". Nada faz sentido, e é tudo angustiante” (Ec 4.4-8).
Quais são as lições que aprendemos com esse texto?
A primeira lição que o texto ensina é que ninguém irá se realizar através da luta pelo poder e muito menos pela preguiça. O autor mostra a competição humana de um lado e a indolência do outro. Entretanto, o autor olhou e viu que a marca da vida é a competição. De certa forma, todos nós somos frutos dessa visão, até porque para ser alguém, para sermos os melhores, devemos ter em conta que o outro é o nosso grande adversário. O pregador afirma que essa correria toda não dá sentindo e nem gera realização. Contudo, também declara que abandonar o trabalho e deixar-se levar pela preguiça também não é a resposta. Entregar-se ao marasmo não é apenas destruir seu capital, é se autodestruir. Aquele que perde o controle de si, perde também o senso da realidade e se arruína.
A segunda lição que o texto ensina, é que ninguém se realizará cultivando o desejo infindável de querer sempre mais. O autor declara que a competição desenfreada conduz à solidão. O autor afirma que olhou outra vez e viu uma pessoa investindo a sua vida no trabalho, esquecendo-se das suas ligações. Ele viu alguém que investiu sua vida no trabalho com o desejo de ganhar cada vez mais e o resultado foi a solidão. Portanto, é importante trabalhar, mas é preciso entender que a autorealização não se encontra no que o dinheiro pode comprar.
Por último, o texto ensina que a autorealização se encontra em aprender a contentar-se com o que se tem. Isso não é comodismo, nem é passividade. O autor afirma que devemos aprender a viver com o que temos, reconhecendo que dependemos de Deus, pois a autorealização só é possível quando desfrutamos daquilo que Deus nos concede e quando aprendemos a ser felizes com o que temos. Portanto, a autorealização só é possível quando se desfruta da paz de Deus e entende-se que é possível viver feliz com o que se tem. Só é possível ter a autorealização quando olhamos para vida dentro da ótica de Jesus e através de Jesus.
Trabalhar sim, mas investir em relacionamentos também e, acima de tudo, descansar e desfrutar de paz interior.