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Cancelado



Certa vez, conversava com um amigo próximo, que é um excelente pregador e muito requisitado para ir falar em várias igrejas, mas por causa de uma determinada escolha, foi posto de parte e utilizando as suas próprias palavras, ele disse que “não era convidado nem para fazer oração silenciosa em fim de culto”. Foi posto de parte, excluído de tudo e utilizando a expressão utilizada nas redes sociais para expressar que alguém foi posto de lado, ele foi cancelado e percebo como é fácil cancelarmos alguém.

Recentemente vi um amigo ser cancelado. É triste ver uma pessoa investir a sua vida em um projeto e sem qualquer motivo ser descartada e ninguém ter a hombridade de lhe dizer nada e mais uma vez pude perceber como é fácil descartar pessoas e deitá-las fora, depois de não terem mais nenhuma utilidade para nós.

Todos nós em um momento ou outro de nossas vidas já fomos cancelados, postos de parte por causa injúrias e calúnias sofridas. Meu saudoso amigo e professor Isaltino Gomes Coelho Filho dizia que a pessoa passa a vida inteira construindo a sua reputação e basta um comentário maldoso para destruí-la e no mundo globalizado, das “fake news”, isso é muito mais evidente e real e sei bem do que estou falando. É muito fácil destruir vidas, cancelar pessoas e virar a página e seguir em frente como se nada fosse.

Cancelamos e somos cancelados e quando somos nós a efetuar o cancelamento, não nos importamos e se quer nos damos conta do mal que realizamos. Entretanto, quando somos cancelados, quando o ataque é feito a nós, sofremos, nos angustiamos e nos sentimos completamente injustiçados. A maneira que teríamos para não vivermos essa realidade seria fazer o que Jesus disse: “Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12). Mas não vivemos assim e nem queremos agir assim e tratamos os outros com indiferença, mas queremos ser tratados com deferência.

Nós maioritariamente nos afirmamos cristãos, até frequentamos alguma igreja, mas com pesar tenho que concordar com o que Halík escreveu em seu livro O meu Deus é um Deus ferido, onde ele declara: “Numa retrospectiva à nossa história cristã temos, sem, dúvida, de admitir que não imitamos o Filho, mas sim, com frequência, os vinhanteiros, que apedrejaram, espancaram e mataram os profetas a eles enviados”. Essa é a nossa capacidade e o que mais fazemos. Sim, temos a capacidade de ser maus e destruir aqueles que nos chegam com a mensagem da graça.

Numa sociedade onde o cancelamento é algo normal e banal, onde esquecemos e somos esquecidos, volto-me para aquele que diz: “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti” (Is 49.15). Diante dessa realidade, percebo o grande amor de Deus e a Ele me entrego em amor sabendo que: “Amar a Deus significa confiar que até os momentos mais difíceis e obscuros me revelarão um dia o seu significado, permitindo-me dizer-lhes: «Deus estavas aí? Então vamos, mais uma vez!»”. E com Ele eu sigo, pois Ele jamais me cancelará.


#vida #Deus #amor #próximo

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