Clamor
Era uma quarta-feira, estava tudo tranquilo e deixávamos a igreja para regressarmos à casa. Entretanto, eis que chega alguém e fala para uma senhora que seu filho havia sofrido um acidente e que se encontrava no hospital. Imediatamente, lá foi aquela mãe angustiada e sofrendo ao encontro de seu filho. Ao chegar ao hospital, o médico informou-lhe de que o estado do rapaz era muito grave e que não havia esperança para ele. Aquela mulher caiu de joelhos e ergueu sua voz em clamor a Deus. O Senhor ouviu o seu clamor e seu filho sobreviveu. O evangelho de Marcos apresenta-nos, semelhante situação quando um mendigo cego que clamou por misericórdia a Jesus e o Senhor lhe atendeu. O texto de Marcos diz:
“Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos saíam da cidade, uma grande multidão os seguiu. Um mendigo cego chamado Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. Quando Bartimeu soube que Jesus de Nazaré estava perto, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Muitos lhe diziam aos brados: “Cale-se!”. Ele, porém, gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Quando Jesus o ouviu, parou e disse: “Falem para ele vir aqui”. Então chamaram o cego. “Anime-se!”, disseram. “Venha, ele o está chamando!” Bartimeu jogou sua capa para o lado, levantou-se de um salto e foi até Jesus. “O que você quer que eu lhe faça?”, perguntou Jesus. O cego respondeu: “Rabi, quero enxergar”. Jesus lhe disse: “Vá, pois sua fé o curou”. No mesmo instante, o homem passou a ver e seguiu Jesus pelo caminho” (Mc 10.46-52). Quais são as lições que o cego Bartimeu nos ensina?
A primeira lição é que devemos erguer nossas vozes clamando pela misericórdia de Deus. Quando Bartimeu soube que Jesus estava passando por ali, clamou por misericórdia e não se deixou influenciar por aqueles que o repreendiam para que parasse. Diante das repreensões, da tentativa de fazê-lo calar, mais ele clamava e dizia: “tem compaixão de mim”. Portanto, erga a sua voz e clame por misericórdia e não permita que lhe proíbam de fazê-lo.
A segunda lição é que devemos ir ao encontro do Mestre. Bartimeu clamou na certeza de que Jesus iria responder o seu clamor e o Mestre assim o fez. Por isso, foram até ele e disseram-lhe que o Mestre estava a chamá-lo. Bartimeu levantou-se, e foi ao encontro do Mestre. Portanto, não é apenas erguer a voz em clamor, faz-se necessário escutar a voz do Senhor e ir ao seu encontro.
Bartimeu clamou, mas também levantou-se e foi ao encontro de Jesus e nós devemos fazer o mesmo que ele.
A terceira lição que aprendemos é que devemos explicitar o que desejamos. O texto é magnífico, pois primeiro Bartimeu clamou querendo chamar a atenção do Mestre, que lhe ouviu e o chamou para junto de Si, mas o Mestre perguntou-lhe: “O que você quer que eu lhe faça?”. Jesus deseja que sejamos específicos, declaremos o que queremos. Bartimeu declarou que queria ver e seu pedido foi atendido.
Diga a Jesus o que realmente deseja, fale qual é a sua verdadeira necessidade, mas diga-lhe não de maneira distante. Aproxime-se do Mestre e junto dele, como quem está partilhando com um amigo, revele o seu desejo.
Por último, aprendemos que é preciso seguir o Mestre. Bartimeu foi atendido, mas é preciso notar que antes de ter sua visão recuperada o Senhor disse-lhe: “Vá, pois sua fé o curou”. Gosto muito de uma tradução que diz que a fé o salvou, ou seja, a sua vida foi resgatada e foi por causa da misericórdia de Deus, mas é preciso ver que Bartimeu, após tamanha salvação passou a seguir o Mestre. Portanto, clame e suplique pela ajuda do Senhor, mas depois permaneça e caminhe com Ele.
Diante de um momento tão difícil que estamos vivendo, tal e qual a mãe que falei e o cego Bartimeu, ergamos nossas vozes clamando pela misericórdia e compaixão do Senhor.