Como a mim mesmo

As notícias não param de chegar. No mundo cada vez mais globalizado, onde surgiu um grupo de pessoas que, por utilizarem bem as redes sociais e em consequência disso, ganharem milhões de seguidores, passaram a ser chamados de “influencers”. Estes novos atores sociais opinam sobre tudo e mais alguma coisa. O tema do momento é o preconceito existente entre os seres humanos que, erroneamente, chamam de racismo.
Há realmente pessoas que pensam que a cor é um fator determinante e, além do mais, acham que ser branco, preto, amarelo, significa ser de uma raça diferente. Para os que assim pensam, peço-lhes que leiam Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (António Gedeão), cientista, professor de físico-química, poeta e como tal, um sábio e, em sua sabedoria, lidando com o tema que agora está em voga, mas que não tem nada de novo, escreveu o seguinte poema:
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
O poema é magnífico e o utilizei para amenizar o que li de uma dita influenciadora brasileira que afirmou: “Racismo vai existir enquanto a maior quantidade de crimes for causada pela população negra. Vai existir, gente, isso é uma coisa natural. É um instinto de defesa da gente. Vai ser sempre natural, normal e instintivo do ser humano ter um pouco do que a gente chama de racismo: julgar a pessoa pela raça” (grifo meu). Natural? Normal? Que raça?
Depois de ler tal disparate, fiquei imaginando a reação dessa senhora caminhando pelas ruas de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Quénia, São Tomé e Príncipe e tantos outros países onde a cor dos seres humanos que ali vivem, maioritariamente, é preta. Aliás, será que ela sairia para caminhar?
Além do preconceito, que pode ser configurado como crime, a fala dessa mulher é pecado, pois a Escritura diz: “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.” (Tg 2.9). Espero, sinceramente, que ela se arrependa diante de Deus e dos homens, mas também desejo que todos nós possamos entender que a cor da pele não cria nenhuma raça e não faz ninguém ser diferente.
Confesso que sigo algumas pessoas nas redes sociais, mas nenhum delas é meu influenciador. Sou cristão e meu Influencer é Cristo. Quero viver conforme os seus princípios e, sendo assim, mesmo que me custe, vou amar o meu próximo como a mim mesmo.