Condenados

O ser humano tem duas características que são cruéis: A crítica e o julgamento. Essas duas atitudes são transversais e se fazem presentes em todos nós. O Senhor Jesus foi alvo de julgamentos e críticas, mas muito mais que isso, ele foi tentado pelos religiosos dos seus dias que buscavam ter algo para o acusar. João narra um desses momentos. Vejamos o texto:
“Jesus voltou ao monte das Oliveiras, mas na manhã seguinte, bem cedo, estava outra vez no templo. Logo se reuniu uma multidão, e ele se sentou e a ensinou. Então os mestres da lei e os fariseus lhe trouxeram uma mulher pega em adultério e a colocaram diante da multidão. “Mestre, esta mulher foi pega no ato de adultério”, disseram eles a Jesus. “A lei de Moisés ordena que ela seja apedrejada. O que o senhor diz?” Procuravam apanhá-lo numa armadilha, ao fazê-lo dizer algo que pudessem usar contra ele. Jesus, porém, apenas se inclinou e começou a escrever com o dedo na terra. Eles continuaram a exigir uma resposta, de modo que ele se levantou e disse: “Aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra”. Então inclinou-se novamente e voltou a escrever na terra. Quando ouviram isso, foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos, até que só restaram Jesus e a mulher no meio da multidão. Então Jesus se levantou de novo e disse à mulher: “Onde estão seus acusadores? Nenhum deles a condenou?”. “Não, Senhor”, respondeu ela. E Jesus disse: “Eu também não a condeno. Vá e não peque mais”. (Jo 8.1-11).
Esse texto é desafiador e angustiante, mas reflitamos em algumas lições que ele nos apresenta:
A primeira lição que o texto mostra é que vale tudo para destruir a vida de quem não se gosta. O texto afirma que Jesus estava ensinando no templo e que os mestres da lei juntamente com os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em pleno ato de adultério e ali está ela diante de todos, envergonhada, enxovalhada, mas o seu amante que deveria ter o mesmo fim, onde estava?
Esses religiosos não estavam preocupados com a atitude daquela mulher, pois o texto diz que eles queriam ter algo para acusar Jesus e para isso, pensavam que os fins justificariam os meios. Note que para acusar Jesus, esses homens eram capazes até de desejar a morte de alguém. É muito fácil destruir a vida dos outros e buscar meios para o fazê-lo.
A segunda lição que o texto ensina é que todos merecem ser apedrejados. Diante da exigência daqueles homens, o Mestre diz que quem não tivesse pecado deveria atirar a primeira pedra. Silêncio!
O texto afirma que todos foram deixando aquele lugar. Duas coisas devem ser ditas aqui: a) Jesus incita aquelas pessoas a uma viagem interior, a olharem suas próprias vidas e, b) todos, independente da idade, se viram condenados e perceberam que eram merecedores das pedradas que desejavam dar naquela mulher.
A terceira lição é que a graça exige mudança. Todos foram embora, ficaram apenas Jesus e a Mulher, e o Mestre perguntou: “Onde estão seus acusadores? Nenhum deles a condenou?” A mulher respondeu: “Não, Senhor” e mediante a resposta dela, o Mestre disse: “Eu também não a condeno. Vá e não peque mais”. A graça acolhe, mas exige mudança de vida. Jesus está pronto a perdoar, mas diz que é preciso ter uma nova atitude.
O texto termina com o perdão e o desafio de mudança, mas fico imaginando essa mulher regressando para casa, caminhando pelas ruas da cidade. Seguindo segura, perdoada e restaurada e quiçá os que a viam passar diziam de si para si mesmo: Estou condenado!