Cuidando uns dos outros

A Escritura conta a história de um homem, que se tornou o homem de confiança do chefe da maior potência mundial de seus dias. Há todo um livro narrando não apenas as atitudes deste homem, como também, tudo aquilo que ele fez. Ler o livro de Neemias é fascinante, e qualquer pessoa que exerça cargo de liderança, deveria estudar e meditar e muito neste livro, pois é bom ter Neemias como sem tutor de MBA, ou quiçá, de doutoramento de liderança.
Detive-me na leitura do primeiro capítulo do livro, e desafio-vos a lerem este capítulo, até porque, há lições profundas que nos ajudarão a enfrentar o momento que estamos vivendo. A primeira que aprendo com o primeiro capítulo é o valor da amizade. Neemias vivia no palácio e estava na fortaleza do rei e recebeu um de seus irmãos e alguns de Judá. Ele não esqueceu às suas raízes e muito menos virou às costas para aqueles que conviveram e viveram com ele. Amigos são para toda vida.
Outra lição que encontro neste texto diz que não podemos perder a nossa sensibilidade. Não perca a capacidade de sentir a dor do outro e sentir a miséria do outro. A sensibilidade de Neemias faz com que eu repense minha vida e a maneira com que eu encaro a dor do meu semelhante. Ele perguntou pelos judeus que escaparam do cativeiro, e acerca de Jerusalém e obteve a seguinte resposta: “Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo. E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne 1.3-4). Ele está no palácio, homem de confiança do rei, não tem problemas financeiros, a vida lhe corre muito bem e naqueles dias, a violência era algo banal, mas ele não se deixou embrutecer e não perdeu a capacidade de sentir a dor do outro. Num tempo como o que estamos vivendo, precisamos manifestar sensibilidade e preocupação sincera com o nosso semelhante. Não percamos jamais a capacidade da empatia.
Este capítulo ensina-me que na minha incapacidade, devo erguer a minha voz ao Deus da aliança. Neemias ora, abre seu coração a Deus e expõe toda a sua dor, confessa os erros e os pecados, mas a súplica dele é pela benignidade de Deus, reconhecendo que Deus é fiel e não volta atrás em sua aliança. Do mesmo modo, devemos interceder, pois o Senhor nos resgatou e diante da nossa impossibilidade, quando esgotamos todas as nossas forças, podemos fazer o melhor, que é justamente quebrantarmo-nos diante de Deus e suplicarmos pela sua intervenção.
Há mais uma lição que aprendo neste primeiro capítulo, e é a seguinte: Peça e conte com a intercessão de seus amigos. O último versículo diz o seguinte: “Ah! Senhor, estejam, pois atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então era eu copeiro do rei” (Ne 1.11). O texto conclui com outras pessoas intercedendo por Neemias. O texto não diz, mas deixa-nos claro que ele falou com as pessoas para suplicar por ele. Mostra que já tinha um plano em mente, mas o sucesso só seria possível se fosse alimentado através da oração. Portanto, aprendo que devo pedir ajuda, e pedir que amigos se unam a mim em oração, suplicando que o ETERNO, conceda graça e leve o projeto de vida a bom termo.
Num tempo como este que estamos, não esqueçamos de nossos amigos. Lutemos para não embrutecer, mantenhamos a sensibilidade e a capacidade de sentir empatia e ergamos nossas vozes aos céus, juntos, porque como Neemias, pedimos ajuda uns dos outros e contamos com a intercessão dos nossos amigos.