Deixe-se tocar

O evangelho de Marcos apresenta-nos o Mestre indo e vindo, de cidade em cidade sempre em contato com as pessoas. Portanto, além de mostrar quem é Jesus, e ao vê-lo receber todas as pessoas, percebemos toda a sensibilidade do Mestre e, acima de tudo, conseguimos ver o cuidado que o Senhor nutria em relação a Si, aos discípulos e aos demais. Um texto que evidencia isso, é o seguinte:
“Logo em seguida, Jesus insistiu com seus discípulos que voltassem ao barco e atravessassem o mar até Betsaida, enquanto ele mandava o povo para casa. Depois de se despedir de todos, subiu sozinho ao monte para orar. Durante a noite, os discípulos estavam no barco, no meio do mar, e Jesus, sozinho em terra. Ele viu que estavam em apuros, remando com força e lutando contra o vento e as ondas. Por volta das três da madrugada, Jesus foi até eles caminhando sobre o mar. Sua intenção era passar por eles, mas, quando o avistaram caminhando sobre as águas, gritaram de pavor, pensando que fosse um fantasma. Ficaram todos aterrorizados ao vê-lo. Imediatamente, porém, Jesus lhes disse: “Não tenham medo! Coragem, sou eu!”. Em seguida, subiu no barco e o vento parou. Os discípulos ficaram admirados, pois ainda não tinham entendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido. Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré. Levaram o barco até a margem e desceram. As pessoas reconheceram Jesus assim que o viram. Quando ouviam que Jesus estava em algum lugar, corriam por toda a região, levando os enfermos em macas para onde sabiam que ele estava. Aonde quer que ele fosse — aos povoados, às cidades ou aos campos ao redor —, levavam os enfermos para as praças. Suplicavam que ele os deixasse pelo menos tocar na borda de seu manto, e todos que o tocavam eram curados” (Mc 6.45-56).
Quais as lições que o texto nos ensina?
O texto ensina que é essencial cuidar de si mesmo. Portanto, é necessário um momento de solitude para que se possa investir na vida devocional, em um mergulho interior e numa abertura para o ulterior. O Mestre fica só e vai para o monte orar, mostrando que é fundamental ao ser humano investir em sua vida devocional.
O Mestre nos mostra que é preciso parar, temos que abrandar com o corre-corre para encontrarmo-nos conosco mesmo e cultivar nossa vida devocional.
A segunda lição que aprendemos com esse texto é que devemos acalmar o coração daqueles que se encontram em aflição. Os discípulos ficaram com medo, pois estavam diante de uma manifestação extraordinária. Entretanto, o Senhor dirige-lhes a palavra dizendo para que eles mantenham o ânimo e que não tenham medo.
Precisamos ter uma mensagem de esperança e ânimo para as pessoas. Devemos acalmá-las e mostrar-lhes que Deus se faz presente e está no controle da situação.
Por último, aprendemos que é fundamental acolher a todas as pessoas. As pessoas eram levadas para o Senhor e muitas apenas queriam tocar nas suas vestes para serem curadas, sem desejar um envolvimento com o Mestre, mas ele acolheu a todos. Portanto, é essencial que aprendemos acolher às pessoas, mesmo que elas se acheguem apenas para tirar algo de nós.
O Mestre deixou-se tocar e acolheu a todos os que dele se aproximaram, que nós como seus discípulos possamos seguir o seu exemplo.