É Deus uma ilusão?

A pergunta parece não fazer sentido. Senão, vejamos. Se Deus não é real, se Ele é apenas fruto do imaginário coletivo, podemos afirmar que Ele não existe. Entretanto, como pode alguém se dirigir a Ele e fazer-lhe tal pergunta?
Será Deus uma ilusão? Será Ele fruto da imaginação do ser humano?
Qual é o fundamento para dizer que Deus não é real?
Será que a pessoa que surge com tal pergunta é um positivista, que para crer em Deus, necessita do princípio da verificação, que estabelece que o sentido de uma proposição consiste na sua verificação? Mas será que não há argumentos que possam atestar a existência de Deus?
Geralmente a argumentação para a desistência da crença em Deus é a ciência. Mas será que a ciência e os cientistas são realmente todos ateus? Francis S. Collins, em seu livro A linguagem de Deus diz que “Em 1916, houve investigadores que perguntaram a biólogos, físicos, e matemáticos se acreditavam num Deus que se comunica ativamente com a humanidade e a quem se pode orar na expectativa de se receber uma resposta. Cerca de 40 por cento responderam afirmativamente. Em 1997, a pesquisa foi repetida na íntegra e, para surpresa dos investigadores, a percentagem mantinha-se praticamente igual”.[1] (Collins, 2007). O resultado dessa pesquisa indica que há cientistas que são homens de fé em um Deus que acreditam.
Os cientistas afirmam que Deus faz sentido e faz todo sentido refletir sobre o Deus que age e que se manifesta na história através do Universo. Sinceramente, creio que deveríamos nos fazer a seguinte pergunta: Quem foi que disse que Deus não é real?
Deus é tão real que vários dos “grandes cientistas viram uma relação direta entre seu trabalho científico e a sua crença numa «mente superior», a Mente de Deus”.[2] (Flew, 2010) Sendo assim, é uma falácia a afirmação que diz que a ciência é contrária à manifestação de Deus. Portanto, será muito importante meditarmos no que escreveu Paul Davies: “A ciência é uma procura nobre e enriquecedora que nos ajuda a entender o sentido do mundo de maneira objetiva e metódica. Ela não nega a existência de um significado por trás da existência. Muito pelo contrário. Como salientei, o fato de a ciência funcionar, e funcionar tão bem, aponta para algo profundamente significativo na organização do cosmos. Qualquer tentativa de entender a natureza da realidade e o lugar dos seres humanos no universo deve partir de uma base científica firme. A ciência não é, objetivamente, a única estrutura de pensamento que detém nossa atenção. A religião floresce até em nossa chamada era científica. Mas, como observou Einstein, a religião sem a ciência é manca”[3](Davies, 1994).
A religião sem a ciência pode ser manca, mas a ciência sem Deus não faz sentido. Tentar explicar o universo é e será sempre um ato de fé. É por isso que até “ateus mais empedernidos frequentemente têm o que foi chamado de sentimento de reverência pela natureza, fascínio e respeito por sua profundidade, beleza e sutileza, algo semelhante à veneração religiosa”.[4] (Davies, 1994). O que Davies diz é que até mesmo os céticos carregam em si uma fé profunda.
Qual é o fundamento que uma pessoa utiliza para negar a realidade de Deus? Por que, para muitos, Deus não és real?
Para refutar a ideia da não existência de Deus, vejamos, de modo bem resumido, o argumento que atesta a sua existência e atestado por alguém que, por mais de meio século negou a realidade de Deus e até sistematizou o ateísmo. Antony Flew diz o seguinte: “A ciência põe em evidência três dimensões da natureza que apontam para Deus. A primeira é o facto de a natureza obedecer a leis. A segunda é a dimensão da vida, de seres inteligentemente organizados e movidos por propósitos, que surgiu da matéria. A terceira é a própria existência da natureza”.[5] (Flew, 2010)
Deus é real e preocupa-se com a sua criatura ao ponto de entrar na nossa história e dar a solução para o problema da humanidade, fazendo com que o ser humano possa ter sentido de vida e seja feliz.
Deus é real. “Os filósofos podem discutir, os céticos podem zombar, a experiência poder ser desanimadora. Mas a palavra de Deus sobrevive sempre e essa mesma Palavra brilhou na face de Nosso Senhor Jesus Cristo”[6] (Zacharias, 2002). Jesus, é Deus encarnado. Ele é a imagem do Deus invisível. A Escritura afirma que: “(…) o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. (Jo 1.14)
O ateu pode até negar, mas Deus é real é bom saber que “Deus também tem a sua história com cada «ateu»”.[7]
[1] F. S. COLLINS, A linguagem de Deus, Editorial Presença, Lisboa, 2007 p.13 [2] A. FLEW, Deus não existe, Alétheia Editores, Lisboa, 2010 p. 17 [3] P. DAVIES, A mente de Deus: A ciência e a busca do sentido último, Ediouro, Rio de Janeiro, 1994 p.19 [4] Ibid. [5] Op. Cit. [6] R. ZACHARIAS, Do coração de Deus, Textus Editora, Rio de Janeiro, 2002 p. 29 [7] T. Hálik, O meu Deus é um Deus ferido, Editora Paulinas, Prior Velho, 2015 p. 81