É tempo de intercessão

Os evangelhos são relatos sobre a vida de Jesus. Eles não são textos biográficos, mas a proclamação da mensagem da graça de Deus e, nesses relatos, podemos perceber que a vida de Jesus foi fincada nas Escrituras e na oração. Sendo assim, todo aquele que se diz discípulo de Jesus deve ser uma pessoa que ame profundamente a Palavra e a oração. Contudo, a verdade é que os discípulos de Jesus, nos dias atuais, dedicam pouquíssimo tempo à vida de oração. É muito fácil afirmar que oração é diálogo com Deus, mas devemos ir muito além. Precisamos também da meditação e, como afirma o teólogo Thomáš Halík, “A oração e a meditação são uma oficina onde se forma as nossas decisões fundamentais; onde, após o desmoronar da espuma fugidia dos sentimentos, amadurece a vontade de responder a Deus – não como Adão no matagal das desculpas, mas face a face.
A oração e a meditação são, em última análise, também o lugar da cura das feridas da nossa vida”. Portanto, precisamos dedicar tempo à oração. O apóstolo João escreveu sobre a importância da intercessão, mas a oração tem que ser uma súplica que vai ao encontro da vontade de Deus. O apóstolo escreveu:
“Escrevi estas coisas a vocês que creem no nome do Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna. Estamos certos de que ele nos ouve sempre que lhe pedimos algo conforme sua vontade. E, uma vez que sabemos que ele ouve nossos pedidos, também sabemos que ele nos dará o que pedimos. Se alguém vir um irmão cometer pecado que não leva à morte, ore por ele, e Deus dará vida a esse irmão que pecou de maneira que não leva à morte. Mas há pecado que leva à morte, e não digo que se deva orar por aqueles que o cometem. Toda injustiça é pecado, mas nem todo pecado leva à morte” (1 Jo 5.13-17).
Quais são as lições desse texto para as nossas vidas?
A primeira lição que o texto nos ensina é que Deus está atento às nossas súplicas. Deus não está de costas viradas para nós, Ele escuta nossas orações e responde ao nosso clamor. Entretanto, devemos entender que muitas vezes o Senhor nos diz não, e isso acontece porque nossos pedidos não vão ao encontro de Sua vontade. O Senhor deseja nos conceder o melhor, mas devemos sempre recordar o que o Senhor Jesus disse em sua oração modelo: “Seja feita a tua vontade”. Sendo assim, nossos pedidos devem se conformar à vontade do Pai.
A segunda lição que o texto nos ensina é que a oração é a maior expressão de solidariedade que existe. Interceder pelos outros é estar junto deles e do Pai, dessa forma, estamos em comunhão plena, sendo solidários e terapêuticos, pois João diz que a oração promove cura e restauração espiritual. Portanto, quando oramos nos unimos a Deus e ao nosso semelhante numa união profunda e solidária que conduz à vida.
Por último, o texto ensina que é preciso clareza que pelo que se irá pedir. Oração não é jogar conversa fora e muito menos palavras vazias, é um encontro com o Pai e o Senhor da vida e, quando chegamos a Sua presença para suplicar por algo, devemos ser específicos em nosso pedido, tendo a plena convicção de que Ele nos ouve e atende os nossos pedidos, mas se há dúvidas, se percebemos que algo está errado, precisamos ter discernimento para não pedir. Portanto, é fundamental ter clareza no que se irá apresentar diante do Pai.
João ensina que devemos orar, que precisamos ser solidários uns com os outros e intercedermos uns pelos outros. A pergunta que fica para cada um de nós é: Estamos dedicando tempo à oração e suplicando por nossos irmãos?