Faça a diferença

Certa vez, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, membro da resistência alemã antinazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista, se recusou a deixar a Alemanha quando Hitler acendeu ao poder. Ao fazê-lo, afirmando que se deixasse a Alemanha naquele preciso momento não teria condições de pregar o evangelho para os seus concidadãos quando todo aquele tormento acabasse. Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de Abril de 1945 e entrou para a história como mártir e acima de tudo como alguém que amou o seu povo e não desistiu de lutar por ele. Da mesma maneira, há pessoas que se recusam em deixar a Ucrânia por desejarem lutar pelo seu povo. O jornal Público, versão on-line apresenta a reportagem de três mulheres que já não querem fugir e vão regressar para defender o seu povo. Ao lermos a Bíblia, no entanto, percebemos que a Escritura também nos apresenta uma mulher que teve que optar por seu povo e, por isso, pôs sua cabeça a prêmio. Ela era uma jovem que havia perdido os pais, tinha apenas um tio, mas tornou-se a rainha do maior império de sua época, mas nem isso lhe garantia salvação. Leiamos o texto:
“Quando Mardoqueu soube de tudo que havia acontecido, rasgou suas roupas, vestiu-se de pano de saco, cobriu-se de cinzas e saiu pela cidade, chorando alto e amargamente. Foi até a porta do palácio, mas ninguém que estivesse usando roupas de luto tinha permissão para entrar. Quando a notícia do decreto chegou a todas as províncias, houve grande pranto entre os judeus. Jejuaram, choraram e lamentaram, e muitos se deitaram em pano de saco e em cinzas. Quando as criadas de Ester e os eunucos vieram e lhe contaram sobre Mardoqueu, ela ficou muito angustiada. Enviou-lhe roupas para vestir em lugar do pano de saco, mas ele não aceitou. Então Ester mandou chamar Hataque, um dos eunucos do rei que havia sido nomeado para servi-la. Ordenou que ele fosse até Mardoqueu e descobrisse o que o perturbava e por que ele estava de luto. Hataque foi até Mardoqueu na praça da cidade, em frente à porta do palácio. Mardoqueu lhe contou tudo e lhe informou a quantidade exata de prata que Hamã havia prometido pagar ao tesouro real pela destruição dos judeus. Mardoqueu entregou a Hataque uma cópia do decreto publicado em Susã que ordenava o extermínio de todos os judeus. Pediu a Hataque que mostrasse o decreto a Ester e lhe explicasse a situação. Também pediu a Hataque que a orientasse a ir falar com o rei para implorar por misericórdia e interceder em favor de seu povo. Hataque voltou a Ester com o recado de Mardoqueu. Então Ester mandou Hataque dizer a Mardoqueu: “Todos os oficiais do rei, e até mesmo o povo das províncias, sabem que qualquer pessoa que se apresenta diante do rei no pátio interno sem ter sido convidada está condenada a morrer, a menos que o rei lhe estenda seu cetro de ouro. Além do mais, há trinta dias o rei não me chama à sua presença”. E o recado de Ester foi transmitido a Mardoqueu. Mardoqueu enviou esta resposta a Ester: “Não pense que por estar no palácio você escapará quando todos os outros judeus forem mortos. Se ficar calada num momento como este, alívio e livramento virão de outra parte para os judeus, mas você e seus parentes morrerão. Quem sabe não foi justamente para uma ocasião como esta que você chegou à posição de rainha?”. Então Ester enviou esta resposta a Mardoqueu: “Vá, reúna todos os judeus de Susã e jejuem por mim. Não comam nem bebam durante três dias e três noites. Minhas criadas e eu faremos o mesmo. Depois, irei à presença do rei, mesmo que seja contra a lei. Se eu tiver de morrer, morrerei”. Mardoqueu foi e fez tudo conforme as instruções de Ester” (Et 4.1-17). O que aprendemos com esse texto?
A primeira lição que o texto ensina é que diante das ameaças e tragédias é natural ter medo. Quando analisamos para a história de Bonhoeffer, das mulheres e de Ester, podemos notar que todos eles, num primeiro momento, foram tomados pelo medo. Ter medo é natural, mas aqueles que ousam vencer o medo fazem a diferença na vida dos demais. Ester ficou com medo, pois assumir tal responsabilidade iria por sua vida em risco e tal como ela e os demais, é natural que tenhamos medo e isso não tem nada de errado.
A segunda lição que o texto ensina é que esse é o momento de mudar a história. Ester está em dúvida e com medo, mas o seu tio de forma ousada declara que aquele era o momento dela e que ela estava ali para fazer a diferença na vida do seu povo. Aproveite esse momento para fazer a diferença, não se acomode e muito menos seja um daqueles que ficam vendo a banda passar. Ester, mesmo com medo, ousou fazer a diferença e, por esse motivo, o seu povo foi poupado.
A terceira lição que o texto ensina é que diante da ameaça de destruição, busque forças e coragem em Deus. Ester, diante do clamor do seu tio, pediu para que ele orasse e jejuasse, pois ela, com as suas servas fariam o mesmo e, somente depois é que ela iria apresentar-se diante do rei. Portanto, antes de enfrentar qualquer situação, convoque pessoas que se unam a você e juntos busquem a orientação e forças em Deus.
A guerra pode surgir, a tragédia pode se abater sobre cada um de nós. Contudo, devemos olhar para a história de Bonhoeffer, das mulheres ucranianas e fundamente para a vida de Ester e entender que talvez seja esse o nosso momento. Deus nos permitiu estar aqui e agora, nessa situação para que sejamos parte da solução. Sendo assim, faça a diferença!