Humanos

Assisti o documentário 13ª Emenda de Ava DuVernay, o mesmo trata de injustiça social e preconceito racial que existem nos USA, e, do interesse comercial que há por trás de tudo isto. É triste ver pessoas sendo tratadas como coisas, tendo seus direitos cerceados por causa de interesses espúrios.
Vi o documentário, depois dos acontecimentos com George Floyd nos USA e do adolescente João Pedro no Brasil, mas também vejo com tristeza atitudes racistas em Portugal e em por outros países. Não dá para ocultar esta realidade. Não dá para ficarmos calados. Precisamos gritar e dizer que somos todos iguais. Não somos de raças diferentes, somos todos humanos, independente da cor que carregamos. É essencial recordar o que diz a Escritura: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1.26-27). Fomos criados homem e mulher, e carregamos em nós à imagem e semelhança de Deus. Não deveria caber em nós o preconceito. Contudo, o preconceito é real e este conduz a violência e isto é consequência do pecado. Entretanto, este não foi o propósito primevo. Desmond e Mpho Tutu no livro “feitos para a bondade” dizem: “Somos feitos por Deus para a bondade, Ele é que é a própria bondade. Somos feitos para Deus e a imagem de Deus, que é a própria essência da bondade. (…) E o ponto fundamental das histórias da criação é que somos feitos por Deus, para Deus, à imagem e semelhança de Deus.” Sim, fomos criados para a bondade e mesmo que haja tanta maldade, nós fomos criados para as boas ações. O apóstolo Paulo diz: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10). Mostre que você é de Deus!
Somos humanos e somos todos iguais, não importa a cor que tenhamos. Somos à imagem e semelhança de Deus e urge reconciliarmo-nos uns com os outros. Mesmo que seja verdade o que dizem Desmond e Mpho Tutu, que: “Parece inesgotável criatividade humana para fazermos mal uns aos outros, tal como não têm fim as razões que consideramos justificáveis para agirmos desse modo.” Contudo, devemos confrontar, precisamos levar cada um a olhar suas atitudes para que brote arrependimento e com o arrependimento surja o perdão.
Somos humanos e todos criados à imagem e semelhança de Deus. Entretanto, por causa da queda, a maldade se tornou uma realidade e no decorrer da história, os humanos estão se autodestruindo e esta autodestruição, fere a Deus. Nikos Kakantzakis diz: “Existem sete céus e sete universos. Porém, não bastam para conter Deus. E no entanto o coração do homem é suficiente para contê-lo. Cuidado para não ferir o coração do homem, já que é a morada de Deus.”
Somos humanos, todos criados à imagem e semelhança de Deus e sendo assim, todos precisamos ser tratados com dignidade e de acima de tudo, com igualdade. Não podemos ficar nos digladiando. Não dá para perpetrar à violência e não podemos calar diante das injustiças. Não podemos compactuar com a desumanização do humano. Martin Luther King afirmou: “A desumanização do homem para com o homem não é apenas perpetrada pelas ações virulentas dos maus. Também é perpetrada pela nefasta inação dos bons.” Não podemos nos calar diante dos maus tratos e da violência. Precisamos dizer que estes padrões não condizem com os valores do Reino. Lembremos o que disse o Mestre diz: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, façai vos também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” (Mt 7.12). Faça aos outros o que deseja que lhe façam. Trate-os como deseja ser tratado.
Somos humanos e por sermos todos criados à imagem e semelhança de Deus, deveríamos nos respeitar e amar. Entretanto, não é isto que vemos. Somos destratados e violados. Somos olhados de lado e de um momento para o outro nos tornamos “João Pedro” ou “George Floyd”. Contudo, tanto um como o outro são imagem e semelhança de Deus. São o nosso próximo, e eis que diante disto, cabe o diálogo do doutor da lei com Jesus que diz: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22.36-40). Note que Jesus diz para amar o próximo e o faz porque, o próximo apresenta para nós a imagem e semelhança de Deus. Portanto, sem preconceitos, amemos o nosso próximo como a nós mesmos.