Incertezas

Portugal volta a passar por um momento bem delicado, em consequência do aumento de infetados com Covid-19 e, por isso, numa tentativa de conter o aumento de casos, o Governo vem tomando uma série de medidas dando a entender estar-se diante de uma luta contínua e parece que não tem fim. Entretanto, apesar de vivermos esse momento tão delicado, onde toda a nossa realidade tem sido mudada e a morte que desejamos sempre distante e até mesmo não gostamos de falar sobre ela, se faz bem próxima.
Estamos vivendo um momento de sofrimento, onde o luto se faz presente e além da dor da partida, muitos não têm tido a oportunidade de cumprir com os ritos de despedida. Os governos estão completamente perdidos, buscando soluções, tomando medidas, mas a realidade é que, como afirmou Benoît Misset chefe da unidade de cuidados intensivos do Hospital Universitário de Liège: "É uma guerra de trincheiras", com a diferença de que "não são bombas, é um vírus". "É o vírus que manda, não somos nós, nem os políticos, nem os cientistas". "Estamos a perder. Estamos esmagados. Estamos amargurados". O nosso momento é de incertezas e percebemos que tanto a comunidade científica como os governos estão sem respostas e lutam para que o número de infectados e de mortes diminua, mas também há uma preocupação com as questões económicas e nesse sentido é preciso muito equilíbrio e acima de tudo, entender que o maior bem que qualquer nação possui é a sua gente.
O nosso desejo é que tudo volte ao normal, mas a realidade é que nada será como antes e não pode ser, pois famílias estão privadas de abraços, beijos, de férias juntos. Diante das incertezas não podemos politizar vacinas, pois elas não têm partidos políticos. É essencial valorizar a vida e não o interesse de laboratórios farmacêuticos. Não podemos esquecer que: “Em todo o planeta, a covid-19 já ceifou as vidas de 1,1 milhões de pessoas - cerca de um quinto nos Estados Unidos - e infetou perto de 42 milhões.” e quando esse texto estiver publicado o número já aumentou. Lembremos que Benoît Misset disse que estamos em guerra e estamos sendo derrotados. Sendo assim, é fundamental que haja uma forte aliança entre os governos que juntos lutem pelo bem da humanidade. Este não é o momento de atacar a OMS e muito menos ter políticos minimizando o que acontece à volta do planeta.
Vivemos um momento de incertezas e todos, independente de seus credos ou até mesmo os que não têm, enfrentam um inimigo invisível que pode se manifestar e roubar pessoas que amamos, pode nos deixar vazios. A incerteza paira no ar, dúvidas e muitos questionamentos, mas é diante de momentos assim que me volto para as Escrituras e lembro-me de Davi cantando: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e teu cajado me consolam.” (Sl 23.4). O momento é de incerteza, mas há uma certeza, Deus está conosco e está guiando-nos nesse processo que parece ser tão moroso.
Vivemos um momento delicado, mas é nessa hora, que devemos erguer os nossos olhos para o alto e perceber que não estamos sós e ficar firmes no Senhor e por confiarmos n’Ele, podemos cantar junto com o profeta Habacuque: “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.” (Hc 3.17-19).
O momento é delicado, não há respostas no campo humano, mas quero olhar para além das evidências e depositar a minha fé e confiança no Deus da minha salvação, pois com Ele e n’Ele há sempre certeza, segurança e salvação.