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Inconformados

A sociedade atual banalizou a morte. As chamadas “grandes notícias” são aquelas que tratam de escândalos e tragédias. Vivemos um momento da história em que a morte é banalizada. Olhamos à nossa volta e percebemos que os fracos e oprimidos são desprezados e por isso, na busca de um “tal lugar na sociedade”, aqueles que atrapalham tal objetivo, devem ser destruídos.


A sociedade atual banalizou a morte. As chamadas “grandes notícias” são aquelas que tratam de escândalos e tragédias. Vivemos um momento da história em que a morte é banalizada. Olhamos à nossa volta e percebemos que os fracos e oprimidos são desprezados e por isso, na busca de um “tal lugar na sociedade”, aqueles que atrapalham tal objetivo, devem ser destruídos.


Já faz algum tempo que afirmo que a sociedade está em processo de involução. A vida vai perdendo o seu real valor, senão vejamos, uma gravidez indesejada é um atraso, atrapalha a progressão na carreira, não traz benefício algum. Sendo assim, o caminho que deve ser trilhado é o aborto. No entanto, nos dias atuais suaviza-se a situação e se diz que é uma interrupção voluntária da gravidez. Falando assim, parece que é algo simples e que não tem consequência alguma. Ninguém fala das consequências que advêm desse ato.


Os avanços tecnológicos acontecem bruscamente, mas devemos entender que as mudanças sociais não acontecem de forma brusca. Elas fazem um caminho de maturação, em um processo lento, até chegar o seu ponto de viragem.


Recentemente, em Portugal veio a público a notícia de um lar, onde a maioria dos idosos contraiu o Covid-19 e veio a falecer. A notícia é muito triste, mas devemos entender o processo de mudança que estamos vivendo. Os idosos, aqueles que já não têm condições, as ditas pessoas que fazem parte do grupo da terceira idade, são levadas para lares para que terminem os seus dias ali. O problema é que, muitos dos filhos jogam seus pais nessas instituições e não se preocupam com eles. Deixam-nos lá e seguem suas vidas como se nada fossem, e não assumem a responsabilidade de cuidar dos seus idosos. Aqui reside mais um processo lento de mudança social. A Europa já não vê o aborto como um problema e a discussão agora é sobre a eutanásia e ela já está legalizada em alguns países e o mais duro é perceber que, há seres humanos que estão engajados em projetos de autodestruição e devemos lembrar que aquilo que semearmos iremos colher.


O momento que vivemos é de uma complexidade enorme. Estamos diante de uma pandemia, onde os políticos buscam se demarcar ou tentam ganhar pontos através de suas estratégias e agora a luta é para ver quem consegue desenvolver uma vacina eficaz em primeiro lugar. É uma guerra não da saúde, mas geopolítica e no meio dessa guerra, milhares de pessoas inocentes sucumbem.


Estamos vivendo um momento onde a morte foi banalizada. As notícias falam de quantas pessoas morreram por causa do Covid e mostram a ineficácia dos políticos, sejam eles de direita ou de esquerda. Quando vejo os relatos, lembro-me da música de Zeca Afonso “A morte saiu à rua”, e preciso dizer que isso é a mais pura verdade, apesar de não ser produzida por um governo ditatorial e precisamos reconhecer que estamos vivendo numa sociedade niilista, completamente hedonista, mas acima de tudo sanguinária. A morte está em voga nos nossos dias, vivemos um tempo mórbido e nesse tempo a maldade impera.


É olhando para esse momento que questiono-me onde estão aqueles que procuram exaltar a vida? Onde estão as pessoas inconformadas que fazem uma revolução silenciosa que modifica as estruturas? Será que as revoluções estão sendo realizadas pelos impiedosos?


Olhando para o momento do Líbano e de outros Países, me questiono onde estão os homens e mulheres como Mohandas K. Gahandi, que fez o comandante Mountbatten dizer: “No meu front ocidental, tenho 100 mil soldados e um derramamento de sangue que não cessa. No meu lado oriental, tenho apenas um velho homem, e nenhuma gota de sangue foi derramada.” Onde estão os homens como Martin Luther King Jr? Homens que vivem onde a morte e a violência é o prato do dia, onde o racismo seja ele cultural ou estrutural são bem reais, se levantam como King e olham para os que os odeiam e os vêm como seres humanos e os amam. Hoje, precisamos de homens e mulheres que digam o mesmo que o pastor Martin Luther King: “Igualaremos a vossa capacidade de infligir sofrimento com a nossa capacidade de aguentar o sofrimento. Iremos ao encontro da vossa força física com a força da nossa alma. Fazei-nos o que quiserdes, e continuaremos a amar-vos.” Isso é evangelho puro. Jesus disse: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44).


Necessitamos de pessoas que tenham a ousadia que teve madre Teresa na ONU ao dizer que as mulheres não abortassem, mas que tivessem seus filhos e dessem as crianças para ela, que as criaria com todo amor. Sim, precisamos de homens como Nelson Mandela que depois de passar anos na prisão, ao sair unificou o seu País com amor e perdão.


Diante da cultura da morte, necessitamos de pessoas inconformadas, que amem a vida. Pessoas que valorizem o ser e não o ter. Mais uma vez, onde estão os Ghandhis, Kings, Mandelas e Teresas de nossos dias?


Vivemos um momento da história onde a morte é banalizada. Os políticos não estão nem aí, pois olham apenas para si mesmos. Contudo, que eu e tu, possamos chorar com os que choram e que, possamos ser inconformados e não aceitemos os desmandos políticos, mas acima de tudo, nos transformemos e que sejamos a revolução que a sociedade precisa ver no mundo (Rm 12.1-2).


#vida #sociedade #contexto #atitude

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