Indignação
Um policial no cumprimento de seu dever foi brutalmente assassinado dentro de um supermercado e é revoltante perceber que uma pessoa ficou filmando tudo o que estava acontecendo, e, viu que o bandido se aproximava do policial, mas não teve a coragem de avisá-lo. É revoltante ver que na sociedade imediatista em que vivemos, as pessoas preferem filmar tudo em vez de ajudar e diante de tal descaso, não podemos deixar de ficar indignados, não podemos fazer de conta que não estamos vendo todas as tragédias que estão acontecendo à nossa volta. É preciso dar um basta e lamentar toda essa tragédia que temos vivenciado.
Não podemos alimentar essa ideia insana de dente por dente e olho por olho e é doloroso ver que estamos nos tornando insensíveis, brutalizados, uma vez que parece que adoramos viver e conviver com a desgraça alheia. Precisamos parar e rever nossos valores e a maneira como estamos nos relacionando uns com os outros, mas acima de tudo, devemos ver como temos convivido conosco mesmo e como temos lidado com as nossas perdas. Anselm Grün diz que: “Aquele que não chora as experiências de perda de sua vida, fica interiormente apático. Só aquele que aceita digerir a tristeza é também capaz de sentir a verdadeira alegria. Aquele que recalca todos os sentimentos negativos ver-se-á afastado de viver a experiência da alegria”.
Não podemos ficar calados e apáticos a tudo o que está acontecendo. Não podemos aceitar o preconceito declarado que grassa diante de nós e a violência perpetrada a gente inocente que se torna vítima dessa mesma violência e do preconceito. Não podemos nos calar contra a violência desenfreada aos policiais e principalmente em relação ao número de policiais que estão sendo brutalmente assassinados. Essa violência desenfreada nos faz viver com medo, mas é essencial refletirmos no que escreveu Harold Kushner: “Deus falou à geração de Moisés, a geração que deixou o Egipto, e deu-lhe os Dez Mandamentos, proibindo o homicídio, o roubo e o adultério, intimidando-os a respeitar a verdade e a honrar os seus pais. Mas Deus também deu às gerações que perderam e a seguiram, e a nós, um Décimo Primeiro Mandamento: não temas”.
Tudo isso que está acontecendo é revoltante e esse sentimento nos deixa indignados, mas não podemos deixar que a indignação se transforme em ódio e gere um desejo profundo de vingança. O apóstolo Paulo diz o seguinte: “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.17-21). Indignado sim, mas nunca permitindo que o desejo de fazer justiça com as próprias mãos prevaleça, prefiro vencer o mal com o bem, e tu?