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Irmãos



Saiu a nova encíclica do papa Francisco com o tema: “Todos irmãos” e nela, ele defende ser fundamental mostrar que somos irmãos em atos e não apenas em palavras. Essa encíclica chega um dia depois do “Inspira – Quem Jamais Te Esqueceria” evento promovido por meu amigo Carlos Netto, que juntou gente do universo cultural brasileiro para investir no projeto de Paraisópolis. Foi um encontro promovido com fé e cheio de fé. Fé na vida, fé na gente, fé nas pessoas.

Apesar da diferença do fuso, vi todo o evento. Me emocionei ao ver Elza Soares, no auge dos seus 90 anos erguer sua voz em ato de solidariedade foi inspirador, falando do encontro e investindo na vida daquelas pessoas foi desafiante e me faz questionar sobre o que temos feito em prol do nosso próximo. O Inspira foi impactante e hoje leio que Francisco nos desafia a cultivar a cultura do encontro e escreve em sua encíclica: “Isto implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê aspetos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes”.

Precisamos resgatar a cultura do encontro. Devemos regressar ao “face to face” e mesmo vivendo esse momento de isolamento, devemos tomar todos os cuidados, mas não podemos nos exilar em nossos guetos existenciais. É fundamental assumir que somos iguais, lutar para derrubarmos os muros que nos separam e encontrarmo-nos não nos centros de poder, mas na vida, nas estradas da vida, nas periferias, nas comunidades, nas aldeias e vilas.

Gosto de ler os evangelhos e ver que Jesus era um peregrino. Ele cultivava a cultura do encontro, mas longe do centro do poder, longe do centro da religiosidade empedernida. Ele estava na vida e nos encontros de vida, celebrando com as pessoas, mesmo entendendo o que afirmou Vinícius de Moraes que “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”, pois o próprio Mestre teve seus desencontros. Contudo, é maravilhoso ler os evangelhos e confesso que gosto da narrativa de Mateus que declara: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.” (Mt 9:35-36). O Mestre rompeu com a cultura do isolacionismo, com a cultura dos privilegiados. Ele saiu em busca de todos e não teve medo de tocar e ser tocado.

Carlos Netto promoveu o Inspira, Francisco escreveu a encíclica “Todos irmãos”, o Mestre deixou o exemplo e quem se deixa permear por Ele, vai deixar o comodismo, vai derrubar os muros da separação e irá ao encontro do seu irmão, celebrando a vida, levando cura para as feridas e resposta para os dilemas existenciais.

Tenho consciência que o momento exige que respeitemos o distanciamento social. Sei que vivemos um novo tempo, mas nesse tempo novo, quero continuar seguindo o caminho do Mestre e ir ao encontro das pessoas e deixem-me utilizar mais uma vez Gonzaguinha, quero cair “na estrada, há muito tempo que eu estou na vida, foi assim que eu quis e assim eu sou feliz” e sou feliz porque simplesmente sigo o meu Mestre!


#vida #comunhão #encontro

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