Jesus: O Deus marginal

Os jornais impressos ainda trazem uma página que é dedicada aos dilemas policiais nelas são noticiados os fatos que os marginais praticam. Se pensarmos bem, se Jesus Cristo tivesse nascido nos dias atuais, provavelmente ele estaria nas páginas policiais de jornais impressos e on-line. Atualmente, é verdade, Jesus é visto como aquele que mudou a história até mesmo por aqueles que não o consideram como Senhor de suas vidas e nem como Deus. Entretanto, Jesus foi extremamente controverso em seus dias, Ele não foi alguém que se pautou pelo politicamente correto e não conviveu com os “certinhos”, pois é dito que Ele foi “amigo de pecadores”, uma expressão forte que não era um elogio e também foi preso e morto como inimigo dos romanos. Os evangelhos narram o momento da prisão e morte de Jesus e Mateus descreve assim o momento da prisão:
“Levantem-se e vamos. Meu traidor chegou. Enquanto Jesus ainda falava, Judas, um dos Doze, chegou com uma grande multidão armada de espadas e pedaços de pau. Tinham sido enviados pelos principais sacerdotes e líderes do povo. O traidor havia combinado com eles um sinal: Vocês saberão a quem devem prender quando eu o cumprimentar com um beijo. Então Judas veio diretamente a Jesus. "Saudações, Rabi!", exclamou ele, e o beijou. Jesus disse: Amigo, faça de uma vez o que veio fazer. Então os outros agarraram Jesus e o prenderam. Um dos que estavam com Jesus puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Guarde sua espada, disse Jesus. Os que usam a espada morrerão pela espada. Você não percebe que eu poderia pedir a meu Pai milhares de anjos para me proteger, e ele os enviaria no mesmo instante? Se eu o fizesse, porém, como se cumpririam as Escrituras, que descrevem o que é necessário que agora aconteça? Em seguida, Jesus disse à multidão: Por acaso sou um revolucionário perigoso para que venham me prender com espadas e pedaços de pau? Por que não me prenderam no templo? Ali estive todos os dias, ensinando. Mas tudo isto está acontecendo para que se cumpram as palavras dos profetas registradas nas Escrituras. Nesse momento, todos os discípulos o abandonaram e fugiram. Então os que haviam prendido Jesus o levaram para a casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde estavam reunidos os mestres da lei e os líderes do povo. Enquanto isso, Pedro seguia Jesus de longe, até chegar ao pátio do sumo sacerdote. Entrou ali, sentou-se com os guardas e esperou para ver o que aconteceria. Lá dentro, os principais sacerdotes e todo o conselho dos líderes do povo tentavam encontrar testemunhas que mentissem a respeito de Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Embora muitos estivessem dispostos a dar falso testemunho, não puderam usar o depoimento de ninguém. Por fim, apresentaram-se dois homens, que declararam: Este homem disse: ‘Sou capaz de destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias. Então o sumo sacerdote se levantou e disse a Jesus: Você não vai responder a essas acusações? O que tem a dizer em sua defesa? Jesus, porém, permaneceu calado. O sumo sacerdote lhe disse: Exijo em nome do Deus vivo que nos diga se é o Cristo, o Filho de Deus. Jesus respondeu: É como você diz. Eu lhes digo que, no futuro, verão o Filho do Homem sentado à direita do Deus Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as vestes e disse: Blasfêmia! Que necessidade temos de outras testemunhas? Todos ouviram a blasfêmia. Qual é o veredicto? Culpado! responderam. Ele merece morrer! Então começaram a cuspir no rosto de Jesus e a dar-lhe socos. Alguns lhe davam tapas e zombavam: Profetize para nós, Cristo! Quem foi que lhe bateu desta vez?” (Mt 26.46-68). E Lucas narra um momento crucial de Jesus na cruz, quando o Mestre disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem. E os soldados tiraram sortes para dividir entre si as roupas de Jesus” (Lc 23.24).
Quais são as lições que esses dois textos trazem para nós?
Jesus, o Deus marginal, ensina que quem vive dignificando o ser humano via sofrer no próprio corpo o ódio daqueles que não abrem mão dos seus privilégios. Os religiosos mandaram prender Jesus por inveja, uma vez que odiavam o Mestre e o seu modo de viver. Entretanto, Jesus amava as pessoas e cuidava de cada uma delas de forma especial. Jesus tratava as pessoas com dignidade e “a razão pela qual cada ser humano tem grande valor é que todas as pessoas são amadas por Deus. Cada pessoa tem o que poderíamos chamar de “valor atribuído””.
Jesus, o Deus marginal, ensina que a violência não é a resposta. O texto declara que um discípulo de Jesus feriu a orelha do servo do sumo sacerdote, mas o Senhor falou para que ele guardasse a sua espada. No texto paralelo é dito que quem fez isso foi Pedro e que o Senhor colocou a orelha do servo de volta. O Mestre que foi espancado, humilhado e torturado, ensinou que a violência não é a resposta. Ele nos ensina que a violência é a arma dos que não tem razão. Jesus, o Deus marginal, ensina que é preciso cuidar e amar as pessoas, até aqueles que vêm até nós para nos fazer mal.
Por último, Jesus, o Deus marginal, ensina que é essencial perdoar os seus algozes. O Mestre clama ao Pai para que perdoe aqueles que lhe fazem mal. Naqueles dias os crucificados morriam praguejando, amaldiçoando, mas Jesus, o Deus marginal, morreu oferecendo perdão. Aquele que foi posto de lado, tratado como inimigo e bandido, simplesmente por ter cuidado de todos, na cruz, morreu oferecendo perdão a todos.
Jesus, o Deus marginal, foi condenado ao pior tipo de morte e não recorreu, aceitou a sentença e mostrou que a violência nunca é a solução. Para os algozes ele ofereceu perdão e a reconciliação. Portanto, ser seguidor de Jesus é ser uma pessoa que valoriza o ser humano, que abdica da vingança e oferece o perdão. És cristão?