Jesus: O Deus que expressa seus sentimentos e emoções

Um dos momentos mais difíceis que enfrentamos na vida é a partida de pessoas que amamos. É diante da partida que levantamos vários questionamentos e percebemos tudo o que ficou por dizer e por viver, mas também a dor que dilacera o nosso ser, nos faz viver intensamente as nossas emoções e sentimentos. Jesus também passou por isso quando seu amigo Lázaro morreu. O Mestre vivenciou a dor da perda, da incredulidade e não ficou indiferente ao que aconteceu com seu amigo. O apóstolo João narra-nos esse acontecimento da seguinte maneira:
“Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele morava em Betânia com suas irmãs, Maria e Marta. Foi Maria, a irmã de Lázaro, que mais tarde derramou perfume caro nos pés do Senhor e os enxugou com os cabelos. As duas irmãs enviaram um recado a Jesus, dizendo: “Senhor, seu amigo querido está muito doente”. Quando Jesus ouviu isso, disse: “A doença de Lázaro não acabará em morte. Ela aconteceu para a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela”. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Ouvindo, portanto, que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava. Depois, disse a seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia”. Os discípulos se opuseram, dizendo: “Rabi, apenas alguns dias atrás o povo da Judeia tentou apedrejá-lo. Ainda assim, o senhor vai voltar para lá?”. Jesus respondeu: “Há doze horas de claridade todos os dias. Durante o dia, as pessoas podem andar com segurança. Conseguem enxergar, pois têm a luz deste mundo. À noite, porém, correm o risco de tropeçar, pois não há luz”. E acrescentou: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas agora vou despertá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme é porque logo vai melhorar!”. Pensavam que Jesus falava apenas do repouso do sono, mas ele se referia à morte de Lázaro. Então ele disse claramente: “Lázaro está morto. E, por causa de vocês, eu me alegro por não ter estado lá, pois agora vocês vão crer de fato. Venham, vamos até ele”. Tomé, apelidado de Gêmeo, disse aos outros discípulos: “Vamos até lá também para morrer com Jesus”. Quando Jesus chegou a Betânia, disseram-lhe que Lázaro estava no túmulo havia quatro dias. Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, e muitos moradores da região tinham vindo consolar Marta e Maria pela perda do irmão. Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou em casa. Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus lhe dará tudo que pedir”. Jesus lhe disse: “Seu irmão vai ressuscitar”. “Sim”, respondeu Marta. “Ele vai ressuscitar quando todos ressuscitarem, no último dia.” Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”. “Sim, Senhor”, respondeu ela. “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus.” Em seguida, voltou para casa. Chamou Maria à parte e disse: “O Mestre está aqui e quer ver você”. Maria se levantou de imediato e foi até ele. Jesus tinha ficado fora do povoado, no lugar onde Marta havia se encontrado com ele. Quando as pessoas que estavam na casa viram Maria sair apressadamente, imaginaram que ela ia ao túmulo de Lázaro chorar e a seguiram. Assim que chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu a seus pés e disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. “Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. Jesus chorou. As pessoas que estavam por perto disseram: “Vejam como ele o amava!”. Outros, porém, disseram: “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?”. Jesus, sentindo-se novamente indignado, chegou ao túmulo, uma gruta com uma pedra fechando a entrada. “Rolem a pedra para o lado”, ordenou. “Senhor, ele está morto há quatro dias”, disse Marta, a irmã do falecido. “O mau cheiro será terrível.” Jesus respondeu: “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?”. Então rolaram a pedra para o lado. Jesus olhou para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Tu sempre me ouves, mas eu disse isso por causa de todas as pessoas que estão aqui, para que elas creiam que tu me enviaste”. Então Jesus gritou: “Lázaro, venha para fora!”. E o morto saiu, com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!”. Muitos dos judeus que estavam com Maria creram em Jesus quando viram isso” (Jo 11.1-45).
O que esse texto nos ensina?
A primeira lição desse texto é que Jesus, o Deus que expressa os seus sentimentos e emoções, é a indignação perante a incredulidade. O Senhor declara que deu um compasso de espera para que seus discípulos pudessem crer, mas também percebemos que em todos os diálogos que são travados, a incredulidade se manifesta e, por isso, o Senhor revela sua indignação. A perda do amigo fez com que brotasse no Senhor esse sentimento, fez com que ele se sentisse indignado pela descrença dos seus discípulos.
A segunda lição, declara que Jesus, o Deus que expressa os seus sentimentos e emoções, diante da perda do amigo se angustia e chora. O Mestre se angustia pela incredulidade, mas também pela descrença das pessoas. Dessa maneira, o Senhor não teve problema nenhum em manifestar a sua dor através das lágrimas e, assim, expressando suas emoções e sentimentos, mostrou àquelas pessoas o quanto amava o seu amigo.
Por último, Jesus, o Deus que expressa os seus sentimentos e emoções, ensina que as emoções fazem parte da vida, mas não podem controlar-nos. Jesus ensina que o caminho para não ficar agarrado às circunstâncias é erguer a voz em oração ao Pai, ou seja, é olhar além das situações e ver Aquele que tem toda a capacidade de mudar os acontecimentos. Jesus, o Deus que expressa seus sentimentos e emoções, ensina que quando estivermos angustiados e enfrentando a incredulidade dos demais, devemos parar e erguer as nossas vozes ao Senhor.