Jesus: O Deus que nos aceita e restaura

Na cultura do cancelamento, é tão fácil jogar os outros ao ostracismo, que basta que alguém tome uma atitude que desaprovemos ou diga algo que discordemos, já é motivo para discussão, viras às costas e simplesmente cancelar tal pessoa da nossa vida. O Senhor Jesus enfrentou o escárnio e o ódio dos líderes religiosos de seus dias, passou pelo cancelamento da multidão e pela traição de Judas. Pedro negou-o três vezes e os outros o abandonaram. Entretanto, o Senhor os aceitou como eram e os restaurou. O apóstolo João narra o processo de restauração de Pedro, que se deu da seguinte maneira:
“Depois disso, Jesus apareceu novamente a seus discípulos junto ao mar de Tiberíades. Foi assim que aconteceu: estavam ali Simão Pedro, Tomé, apelidado de Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Simão Pedro disse: “Vou pescar”. “Nós também vamos”, disseram os outros. Assim, entraram no barco e foram, mas não pegaram coisa alguma a noite toda. Ao amanhecer, Jesus estava na praia, mas os discípulos não o reconheceram. Ele perguntou: “Filhos, por acaso vocês têm peixe para comer?”. “Não”, responderam eles. Então ele disse: “Lancem a rede para o lado direito do barco e pegarão”. Fizeram assim e não conseguiam recolher a rede, de tão cheia de peixes que estava. O discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!”. Quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, vestiu a capa, pois a havia removido para trabalhar, e saltou na água. Os outros ficaram no barco e puxaram até a praia a rede carregada, pois estavam a apenas uns noventa metros de distância. Quando chegaram, encontraram um braseiro, no qual havia um peixe, e pão. Jesus disse: “Tragam alguns dos peixes que vocês acabaram de pegar”. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a praia. Havia 153 peixes grandes e, no entanto, a rede não arrebentou. “Venham comer!”, disse Jesus. Nenhum dos discípulos tinha coragem de perguntar: “Quem é você?”, pois sabiam muito bem que era o Senhor. Então Jesus lhes serviu o pão e o peixe. Foi a terceira vez que Jesus apareceu a seus discípulos depois de ressuscitar dos mortos. Depois da refeição, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?”. “Sim, Senhor”, respondeu Pedro. “O senhor sabe que eu o amo”. “Então alimente meus cordeiros”, disse Jesus. Jesus repetiu a pergunta: "Simão, filho de João, você me ama?". "Sim, Senhor", disse Pedro. “O senhor sabe que eu o amo”. “Então cuide de minhas ovelhas”, disse Jesus. Pela terceira vez, ele perguntou: “Simão, filho de João, você me ama?”. Pedro ficou triste porque Jesus fez a pergunta pela terceira vez e disse: “O Senhor sabe todas as coisas. Sabe que eu o amo”. Jesus disse: “Então alimente minhas ovelhas. “Eu lhe digo a verdade: quando você era jovem, podia agir como bem entendia; vestia-se e ia aonde queria. Mas, quando for velho, estenderá as mãos e outros o vestirão e o levarão aonde você não quer ir”. Jesus disse isso para informá-lo com que tipo de morte ele iria glorificar a Deus. Então Jesus lhe disse: “Siga-me”. Pedro se virou e viu atrás deles o discípulo a quem Jesus amava, aquele que havia se reclinado perto de Jesus durante a ceia e perguntado: “Senhor, quem o trairá?”. Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, e quanto a ele?”. Jesus respondeu: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até eu voltar, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me”. Por isso espalhou-se entre a comunidade dos irmãos o rumor de que esse discípulo não morreria. Não foi isso, porém, o que Jesus disse. Ele apenas disse: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até eu voltar, o que lhe importa?”. Este é o discípulo que dá testemunho destes acontecimentos e que os registrou aqui. E sabemos que seu relato é fiel. Jesus também fez muitas outras coisas. Se todas fossem registradas, suponho que nem o mundo inteiro poderia conter todos os livros que seriam escritos” (Jo 21.1-25).
Refletindo sobre esse texto aprendo as seguintes lições:
Primeira: Jesus, o Deus que nos aceita e restaura, vem ao nosso encontro. O texto diz que Pedro disse que iria pescar e os outros seguiram-no. Eles regressaram para as suas vidas, para seus afazeres, mas o Senhor foi ao encontro deles, chamou-os, desejou-os junto de Si, tratando-os e aceitando-os. Da mesma forma, Jesus, o Deus que nos aceita e restaura, vem ao nosso encontro para que possamos estar junto a Ele.
Segunda: Jesus, o Deus que nos aceita e restaura, deseja ter intimidade conosco. O texto é magnífico, pois mostra o Senhor Jesus indo ao encontro dos apóstolos, mas convidando-os para estarem à volta da mesa e, sabemos, só partilhamos a mesa com quem desejamos proximidade e intimidade. Portanto, o Senhor que foi abandonado por eles, está dizendo-lhes claramente que os aceita e que esse momento é de restauração. Tal e qual foram as suas aparições anteriores, o Mestre sempre partilha uma refeição, momento que mostra comunhão e intimidade. Jesus, o Deus que nos aceita e restaura, vem ao nosso encontro para que possamos ter intimidade com Ele.
Terceira: Jesus, o Deus que nos restaura, nos confia o cuidado das pessoas. O diálogo de Jesus com Pedro é magnífico, pois o apóstolo o havia negado três vezes e o Mestre dá-lhe três oportunidade para que ele pudesse ser restaurado e nas três, o Senhor confia a Pedro o cuidado das pessoas. Jesus, o Deus que nos aceita e restaura nos comissiona o cuidado das pessoas. Ele quer que nos relacionemos com elas e as aceitemos, mas como disse Ortoberg: “Aceitar alguém significa dar apoio a essa pessoa. Significa reconhecer que é muito importante ela estar viva e desejar-lhe o que há de melhor. Evidentemente, não significa aprovar tudo o que ela faz. Significa continuar a desejar o melhor para ela, independentemente do que fizer”.
Jesus, o Deus que nos acolhe e restaura, nos quer perto de Si e tendo intimidade com ele, mas no leva para fora para estar próximo das pessoas e tendo intimidade com elas, manifestando-lhes a graça e mostrando que o Mestre as aceita e restaura. Queres estar perto daqueles que precisam ser restaurados?