Jesus: O Deus que quebra paradigmas

Chico Buarque tem a capacidade de falar com simplicidade, sem perder a profundidade em suas canções, pois consegue analisar a vida de maneira clara, ao ponto de todos as cantarem. Gosto muito da canção “Cotidiano”, onde a relação conjugal é tratada com maestria, pois nela o poeta fala da rotina da vida, onde tudo fica programado, rotineiro. Entretanto, se formos sinceros, teremos que afirmar que nas várias áreas de nossa vida somos movidos pela rotina, já temos um padrão estabelecido. Entretanto, quando olhamos para Jesus, percebemos que Ele tinha a capacidade de sair da rotina, quebrava paradigmas e isso fica claro em um jantar em que ele participou. Lucas narra esse momento da seguinte maneira:
“Certo sábado, Jesus foi comer na casa de um líder fariseu, onde o observavam atentamente. Estava ali um homem com o corpo muito inchado. Jesus perguntou aos fariseus e aos especialistas da lei: A lei permite ou não curar no sábado? Eles nada responderam, e Jesus tocou no homem enfermo, o curou e o mandou embora. Depois, perguntou a eles: Qual de vocês, se seu filho ou seu boi cair num buraco, não se apressará em tirá-lo de lá, mesmo que seja sábado? Mais uma vez, não puderam responder. Quando Jesus observou que os convidados para o jantar procuravam ocupar os lugares de honra à mesa, deu-lhes este conselho: Quando você for convidado para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra. E se chegar algum convidado mais importante que você? O anfitrião virá e dirá: Dê o seu lugar a esta pessoa, e você, envergonhado, terá de sentar-se no último lugar da mesa. Em vez disso, ocupe o lugar menos importante à mesa. Assim, quando o anfitrião o vir, dirá: Amigo, temos um lugar melhor para você! Então você será honrado diante de todos os convidados. Pois os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados. Então Jesus se voltou para o anfitrião e disse: Quando oferecer um banquete ou jantar, não convide amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos. Eles poderão retribuir o convite, e essa será sua única recompensa. Em vez disso, convide os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. Assim, na ressurreição dos justos, você será recompensado por ter convidado aqueles que não podiam lhe retribuir. Ao ouvir isso, um homem que estava à mesa com Jesus exclamou: Feliz será aquele que participar do banquete no reino de Deus! Jesus respondeu com a seguinte parábola: Certo homem preparou um grande banquete e enviou muitos convites. Quando estava tudo pronto, mandou seu servo dizer aos convidados: Venham, o banquete está pronto. Mas todos eles deram desculpas. Um disse: Acabei de comprar um campo e preciso inspecioná-lo. Peço que me desculpe. Outro disse: Acabei de comprar cinco juntas de bois e quero experimentá-las. Sinto muito. Ainda outro disse: Acabei de me casar e não posso ir. O servo voltou e informou a seu senhor o que tinham dito. Ele ficou furioso e ordenou: Vá depressa pelas ruas e becos da cidade e convide os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos. Depois de cumprir essa ordem, o servo informou: Ainda há lugar para mais gente. Então o senhor disse: Vá pelas estradas do campo e junto às cercas entre as videiras e insista com todos que encontrar para que venham, de modo que minha casa fique cheia. Pois nenhum dos que antes foram convidados provará do meu banquete” (Lc 14.1-24).
Quais as lições que esse texto nos ensina?
Jesus, o Deus que quebra paradigmas, ensina que não existem seres invisíveis. Era um sábado e, por isso, não se poderia fazer qualquer procedimento a não ser que a vida da pessoa estivesse em risco. Todos estavam ali, quietos, saboreando da refeição e Jesus, o Deus que quebra paradigmas, faz uma pergunta que incomoda a todos, pois ninguém queria olhar para aquele homem. Ele bem que poderia passar desapercebido, ser um invisível social, mas não o foi para Jesus, que é sensível ao sofrimento humano e por este motivo, o curou. Portanto, Jesus, o Deus que quebra paradigmas, nos ensina que não podermos fechar os nossos olhos ao sofrimento dos excluídos.
Jesus, o Deus que quebra paradigmas, ensina que é essencial cuidar das pessoas. Jesus era incômodo, fazia perguntas constrangedoras que deixavam as pessoas furiosas e sem respostas. Jesus, o Deus que quebra paradigmas, deu visibilidade àquele que todos insistiam em não ver e agora surge questionando o valor da vida humana. O Senhor diz que o ser humano está acima da tradição religiosa e que ele precisa ser cuidado independente da sua situação. Logo, não podemos fechar os olhos aos que estão em sofrimento à nossa volta.
Jesus, o Deus que quebra paradigmas, declara que as coisas devem ser feitas sem barganhas. Há um dito popular que diz: “Faça o bem e não olhe a quem”. O Mestre diz, faça e não espere nada em troca e para isso, utiliza a imagem de um jantar, afirmando que é preciso chamar aqueles que não têm condições de retribuir tal feito. O que o Senhor afirma é que devemos ter a motivação correta. É essencial servir e não querer ser servido, devemos estar disponíveis sem desejar nada em troca. Jesus, o Deus que quebra paradigmas, declara que não podemos fazer as coisas desejando retribuição.
Jesus, o Deus que quebra paradigmas, afirma que a entrada do reino de Deus é através da graça e do convite de Deus. O Senhor mostra-nos Deus se banqueteando com o ser humano, mas deixa claro que os religiosos intransigentes e que olham para si mesmos sem perceber a graça ficam de fora. Jesus, o Deus que quebra paradigmas, afirma que a graça de Deus é para todo ser humano e que, para Deus, todos têm valor e não são invisíveis para o Criador que a ama a todos.
Jesus, o Deus que quebra paradigmas, desafia-nos a olhar para Ele e viver como Ele. Logo, somos desafiados a romper com os nossos preconceitos, desistir do orgulho e vaidade e perceber que somos responsáveis pelo cuidado do nosso próximo. Estás disposto a romper com os teus paradigmas?