Junto do povo

Nos últimos tempos parece que vivemos de crise em crise sejam elas de liderança, econômica e, no meio de uma pandemia que nos faz rever todos os padrões de saúde que temos adotados, nos deparamos com uma crise sanitária sem precedentes. Não podemos negar que também vivemos uma crise religiosa, ainda que, mais do que nunca, as pessoas estão abertas à religiosidade. No entanto, as barreiras impostas por líderes de diversas igrejas têm criado vários entraves para uma convivência harmônica nas igrejas.
Na revista Visão nº 387 há um texto intitulado “Pregação a banhos” e, confesso, ele me marcou de maneira muito positiva.
A reportagem falava dos bispos da cidade de Aveiro que no verão percorriam as localidades praianas para levar a sua mensagem. Eles deixavam a sua estrutura e iam ao encontro do povo. Colocavam de lado suas vestes sacerdotais e uniam-se à multidão. Não criavam barreiras, pelo contrário, estavam derrubando-as seguindo o exemplo deixado por Jesus, pois a Escritura diz que Ele “percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino” (Mt 9.35). Será que seguimos o exemplo de Jesus?
O desafio que temos pela frente é o de estarmos junto do povo. Precisamos mostrar que ser cristão, não é ser uma pessoa fechada, retrógrada, cheia de complexos e com uma cosmovisão horrível de mundo. António Marcelino disse que: “É preciso apresentar uma visão nova do cristianismo. Que não é, só culto, mas testemunho de vida, inserida na estrutura social, em luta contra situações de injustiça”. Creio que ele deveria ter dito que precisamos regressar ao verdadeiro cristianismo. Contudo, a questão que nos fica é: Estamos dispostos a viver este cristianismo diário, permitindo que Cristo seja refletido através de nossas vidas?
Os evangelhos nos mostram que Jesus sempre esteve junto do povo. A igreja primitiva caminhou com o povo e junto com ele. Se somos cristãos e se desejamos fazer a diferença na sociedade, precisamos estar junto do povo. Eu quero viver assim, quero estar próximo das pessoas, juntamente com elas e permitindo que a minha vida seja a mensagem da graça de Deus e, se preciso for, usar palavras que expliquem a verdade transformadora do evangelho e nada além disso.
Tu és cristão?
Estás vivendo junto do povo? Como é que desejas viver a tua fé?
Que possamos seguir o exemplo de Cristo e estar com as pessoas na celebração da vida.