Mudança radical
O avanço da tecnologia aliado à medicina têm contribuído na busca de soluções para os dilemas existenciais. Esse avanço científico-tecnológico que é bom por um lado, assusta-nos por outro, pois até pouco tempo, não passava de cenas de filme de ficção científica, mas muito do que era ficção tornou-se realidade.
Além disso, com a interconectividade, as notícias são divulgadas quase que instantaneamente. As fronteiras ruíram por causa do mundo virtual e notamos que a própria televisão está cada vez mais interativa. O dilema disso tudo é que a qualidade das informações fica prejudicada. Os valores estão sendo postos de lado, esquecidos e vive-se a máxima de Dostoievsky de que “se não há Deus, tudo é permitido.”
É nessa sociedade em mutação constante que surge o desafio de se viver uma fé sólida. Contudo, percebemos que vive-se uma espiritualidade vazia, uma crença oca, seca e a cristandade vive mais o formalismo e o rito, do que uma fé sólida em Jesus. Isso me faz refletir nas palavras do cantor Herbert Vianna: “Acho que a gente precisa se posicionar. Precisa haver uma revolução espiritual, de atitude mesmo”. É mister portanto, que cada um faça um autoexame e chegue à conclusão se é discípulo, uma pessoa que está sob a disciplina do Mestre e cristão, que tem o caráter de cristão ou apenas um religioso por tradição.
Se for verdade o que afirmou Herbert Vianna, então devo dizer que essa revolução deve começar em mim, assumindo um compromisso sério com Deus. Preciso apresentar-me diante do altar e entregar-me por completo a Ele. Alguém afirmou que “o cristianismo começa com uma cruz, mas não na torre de uma igreja e sim no coração". A cruz é símbolo de morte. Devemos morrer para nós mesmos e viver para Deus. É não amoldar-se à cultura vigente e muito menos conformar-se a ela, mas transformar-se (Rm 12.1-2), pois toda mudança se inicia a partir de si próprio.
Quem assume um compromisso com Deus, vai olhar para o próximo de forma diferenciada. Sendo assim, acontecerá a revolução da vida em comunidade. É deixar o egoísmo de lado e ir ao encontro do outro e viver em comunhão e respeitando o próximo por ele ser quem é. Em um cristianismo verdadeiro se vive uma relação íntima com Deus, mas essa se materializa numa relação pacífica com o próximo. É inconcebível assumir-se cristão, se em nosso cerne reina o ódio e estamos brigados com as pessoas.
Por último, é uma mudança de atitude. É deixar de ser o centro das atenções e permitir que Cristo reine soberanamente. É esvaziar-se de ti mesmo, para que Cristo cresça em ti e seja visto através de ti (Jo 3.30). É buscar primeiramente o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33). É portanto, poder dizer: “Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Essa é a grande mudança, a virada radical. Essa é maior das revoluções, pois é a revolução do eu, não sei de ti, mais eu, sinceramente desejo vivê-la diariamente.