Mudança radical

A caminhada com Cristo é um desafio diário, pois precisamos ter a coragem de negarmo-nos a nós mesmos, para depois tomar a cruz e segui-lo. Estabelece-se assim a metáfora de morrer para si para receber uma nova vida com Cristo e em Cristo. O Mestre afirmou que “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á” (Mt 16.24-25). E como afirma o teólogo Dr. Thomas B. Maston “Em outras palavras, na vida cristã, não há verdadeira crucificação sem ressurreição e não existe ressurreição sem crucificação. A afirmação de Jesus a seus discípulos implica também, tanto naquele tempo como hoje, que segui-lo significa crucificação do eu com suas ambições e desejos egoístas. Mas é sublime verificar que o seguidor de Jesus que nega o eu o descobre a nível mais elevado. Em outras palavras, a crucificação é seguida da ressurreição”. Portanto, caminhar com Cristo implica a transformação, nossa perspectiva de mundo. Anselm Grün afirma: “Só permanece vivaz aquele que se dispõe a transformar-se. A vida mesmo modifica-nos quando nos entregamos a ela”. Vejamos como Lucas narra esse processo:
“Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses” (Lc 8.1-3).
Quais as lições que esse texto nos ensina?
A primeira lição que o texto ensina é que quem aceita caminhar com Cristo aprende a aceitar todas as pessoas. É desafiador, mas quem decide caminhar com o Senhor deve estar disposto a mudar radicalmente e tornar-se uma pessoa que abandona os seus preconceitos. No texto, isso fica patente no fato dos doze estarem caminhando lado a lado e ainda terem as mulheres seguindo o Mestre e sustentando-o. Pode ficar tranquilo que não forço o texto, basta lembrar que os publicanos eram desprezados e os zelotas eram extremos, mas nos doze podemos vê-los convivendo harmoniosamente e também vemos as mulheres caminhando ao lado do Mestre. Aquele que aceita caminhar com Cristo tem que estar disposto a aceitar o seu próximo e amá-lo de maneira incondicional.
A segunda lição que o texto ensina é que quem caminha com Cristo aprende a cooperar com os demais. Portanto, quem segue a Jesus mata o egoísmo, torna-se uma pessoa cooperadora com os outros e deseja o bem de todos. O texto afirma que eles seguem juntos, as mulheres investem na vida deles, ou seja, é interdependência, ajuda mútua onde se reconhece que todos são importantes e todos têm valor. Eles se aceitam, amam-se e por viverem na comunidade do amor, cooperam para que essa realidade alcance o maior número de pessoas possíveis.
Por último, o texto ensina que quem caminha com Cristo aprende a entregar-se aos demais. Logo, quem segue a Cristo entregou-se primeiramente a ele, mas quem se entrega a Cristo, entrega-se também ao seu próximo, pois é uma pessoa que abandona o egoísmo, deixa de pensar no eu para pensar no nosso, como o Senhor ensinou na oração do Pai nosso. Portanto, o radicalismo da caminhada com Cristo faz com que a pessoa aprenda a se doar aos demais, pois Jesus seguia por todos os lugares cuidando das pessoas. Portanto, quem caminha com Ele deve cuidar dos demais, ou seja, quem caminha com Cristo vive para cuidar do seu semelhante.
Não há nada mais radical do que a caminhada com Cristo, pois ela nos faz amar e aceitar as pessoas como elas são, tira-nos do pedestal e nos coloca ao lado dos outros para vivermos cooperando uns com os outros e além do mais, leva-nos a entregarmo-nos em serviço aos outros. Portanto, fica a questão: Queres realmente caminhar com Cristo?