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Não deturpe às Escrituras



O cristianismo é a maior religião do mundo, mas apesar disso, estamos vivendo numa época em que os valores cristãos estão sendo colocados de parte, algo que pode ser percebido numa sociedade marcada pela tentativa de ruptura com o secularismo, ou seja, da separação entre Estado e religião, com um forte apreço ao extremismo, como uma atitude radical na defesa das opiniões, e que chega a culminar no fanatismo. Há uma luta visceral pelo poder e pelo domínio da verdade, quando cada um agarra-se com unhas e dentes em seus posicionamentos exigindo que o outro se converta e se dê por vencido. Essa sede de domínio, de ter a verdade e o controle, também acontece no campo religioso, onde líderes fazem suas interpretações agarram-se às suas tradições e evocam para si o domínio de falar em nome de Deus.


Nos dias de Jesus também havia aqueles que se achavam os donos da interpretação e aqueles que se achavam os iluminados, sendo os verdadeiros mestres e por isso, todos deviam seguir os seus ensinamentos. Foi nesse contexto que, quando Jesus apareceu, causou uma revolução e esses líderes fizeram de tudo para desqualificá-lo. Um desses momentos é narrado no evangelho de Marcos da seguinte maneira:


Então Jesus deixou Cafarnaum e foi para a região da Judeia, a leste do rio Jordão. Mais uma vez, multidões se juntaram ao seu redor e, como de costume, ele as ensinava. Alguns fariseus vieram e tentaram apanhar Jesus numa armadilha com a seguinte pergunta: “Deve-se permitir que um homem se divorcie de sua mulher?. Jesus respondeu:O que Moisés disse na lei a respeito do divórcio?. “Ele o permitiu”, responderam os fariseus. “Disse que um homem poderia dar à esposa um certificado de divórcio e mandá-la embora.” Jesus, porém, disse: “Moisés escreveu esse mandamento porque vocês têm o coração duro, mas ‘Deus os fez homem e mulher’ desde o princípio da criação. ‘Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só’. Uma vez que já não são dois, mas um só, que ninguém separe o que Deus uniu”. Mais tarde, quando Jesus estava em casa com seus discípulos, eles tocaram no assunto outra vez. Jesus respondeu: “Quem se divorcia de sua esposa e se casa com outra mulher comete adultério contra ela. E, se a mulher se divorcia do marido e se casa com outro homem, comete adultério (Mc 10.1-12). 

Quais são as lições que aprendemos com esse texto?


A primeira lição que Jesus ensina é que às Escrituras têm a verdadeira resposta. Os líderes religiosos dos dias de Jesus chegaram para tentá-lo e ver se encontravam alguma falha n’Ele e por isso, questionaram o Mestre e a resposta foi: “O que Moisés disse na lei a respeito do divórcio?”. Essa resposta é magnífica, pois tira o foco da interpretação rabínica e diz que a discussão tem que ser fundamentada no ensino das Escrituras.


Não é a tradição que determina a resposta para os verdadeiros questionamentos da vida. É essencial refletir no que afirmou Eugene Peterson: “A Bíblia tem a reputação de fornecer um roteiro sólido para o comportamento pessoal e social, e todos querem se beneficiar dela. As pessoas costuma ter a terrível tendência de criar problemas. A Bíblia pode manter-nos fora do fosso e no caminho reto e estreito”. Foi o que o Mestre fez ao questionar o que diz a Escritura.


A segunda lição que Jesus ensina é que os falsos motivos devem ser deixados de lado. Primeiro Jesus questionou sobre o que diz a Escritura e, em seguida, falou que é para deixarem de lado os falsos motivos e uma interpretação que estava deturpando a verdade revelada. Entretanto, não podemos esquecer que o pano de fundo era tentar desqualificar Jesus e a pergunta que foi feita esperava que o Mestre assumisse uma das duas posições vigentes daqueles dias. Entretanto, o Senhor diz que a questão de fundo, é o egoísmo e por isso, eles usavam falsos motivos para defender a prática do divórcio.


É interessante observar que o Senhor não defendeu nenhuma das tradições, mas firmou-se nas Escrituras, mostrando que elas têm a verdadeira resposta.


Por último, Jesus ensina que é fundamental obedecer a Deus. O Mestre apresenta o princípio da criação e mostra que é preciso se deixar edificar por Deus e obedecer os ensinamentos revelados de Deus e não as interpretações que deturpam às Escrituras.


Nos dias atuais, nós cristãos afirmamos que somos o povo de Deus e sendo assim, da mesma maneira que o Senhor chamava os seus à conversão, precisamos entender que “«uma nova evangelização» deveria começar pela conversão dos cristãos, uma viragem do exterior para interior, da letra para o Espírito, do estático para o dinâmico, do «sermos cristãos» para o «tornarmo-nos cristãos»”. Isso só será possível se não deturparmos às Escrituras.

#biblia #palavradeDeus

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