Não ao racismo

Uma grande polêmica envolvendo o futebol está relacionada ao jogador Vinícius Júnior, do Real Madrid, que, repentinamente, tem sido vítima de preconceito racial. Na Argentina, os torcedores do Fluminense ao chegarem aquele país foram recebidos pelos adeptos do River Plate imitando macacos, em mais um ato de racismo. No entanto, é sabido que o racismo vai muito além do futebol e se faz presente no dia a dia. Tal constatação pode ser observada, também quando vimos, revoltados, o vídeo que circulou nas redes sociais que, nos choca a todos, quando policiais militares levam uma pessoa amarrada, como se faziam aos escravos, no Brasil escravocrata. Muitas pessoas que decidem viver em outros países, ao estabelecerem contato com culturas diferentes, muitas vezes precisam enfrentar os ataques xenófobos. Cada vez mais, constata-se, precisamos ser tolerantes e que devemos aprender a viver num mundo multicultural. Para isso, é essencial entendermos o que afirmou o psicanalista e filósofo Slavoj Žižek: “O multiculturalisomo é um racismo que esvazia a posição que é a asua de qualquer nota positiva (o defensor do multiculturalismo não é um racista aberto e declarado, não opõe ao Outro os valores particulares de sua própria cultura), mas conserva, todavia, essa posição como o ponto vazio da universalidade privilegiado a partir do qual é possível apreciar (e depreciar) de maneira apropriada outras culturas particulares: o respeito do multiculturalismo pela especificidade do Outro é precisamente a forma adaptada pela afirmação da sua própria superioridade”. Na perspectiva cristã a Escritura afirma que o racismo é pecado, ainda que esteja impregnado em nós e nos leve a fazer acepção de pessoas. Logo, devemos entender que somos iguais e que todos temos o mesmo valor diante de Deus. E o que nos revela a Escritura? Em Gênesis podemos ler:
“Então Deus disse: Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre todos os animais selvagens da terra e sobre os animais que rastejam pelo chão. Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.26-27).
O que esse texto nos ensina?
A primeira lição é que o racismo despreza a nossa origem. O texto afirma que o ser humano foi criado por Deus e que todos somos iguais. Além disso, que não somos fruto do acaso e atentar contra o nosso semelhante é desprezar o Criador de todas as coisas.
A segunda lição é que o racismo nega a igualdade da criação. O texto afirma que a humanidade foi criada por Deus e, portanto, todos são iguais. Em sentido contrário, o racismo diminui o outro, o inferioriza e, assim, nega que todos somos iguais perante Deus e perante a lei.
Por último, o racismo fere a dignidade humana e destrói a imagem de Deus no outro. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e todo ataque racista, fere e destrói essa imagem. O racismo fere a dignidade humana, desconsidera o outro em sua inteireza e, por isso, não pode e não deve ser tolerado.
Cresce em nossos dias o preconceito e o racismo está cada vez mais em evidência. Ele é um ataque à dignidade humana, desvalorizando o outro e negando que ele seja pessoa em toda sua inteireza. Todo ataque racista é um ataque contra o Criador, pois destrói a sua imagem no outro. Para finalizar, fica-nos a seguinte pergunta: Nas minhas acções diárias, tenho sido preconceituoso e xenófobo?