Não há salvadores da pátria

A tragédia é galopante. O número de pessoas que estão morrendo é assustador e não dá para fazer de conta que nada está acontecendo. Não dá para ficar indiferente. Não podemos pensar em partidarismos e muito menos ficar culpando este ou aquele. Contudo, não é possível ver e ouvir pessoas tripudiando sobre a dor alheia.
Meu país vive uma tragédia anunciada, e sendo assim, é natural jogar todas as culpas para cima dos políticos. Contudo, quando todas as esperanças foram postas num messianismo insano que gera frustração sobre frustração, fracasso sobre fracasso independente de quem esteja no poder, revoltamo-nos e vivemos um clima de desesperança. Sendo assim, é hora de parar de depositar as esperanças em um homem. Nem a direita e muito menos esquerda nos darão a resposta. Enquanto não assumirmos o papel preponderante que enquanto cidadãos devemos fazer a diferença e é bom lembrar o que afirmou Felipe Neto: “A gente não vai ter salvadores da pátria. O Bolsonaro não tem como salvar a pátria. O [ex-ministro e juiz da Lava Jato] Sergio Moro não tem como salvar a pátria e ninguém tem como, isoladamente, salvar a pátria. É importante que as pessoas assimilem isso de uma vez por todas"[1]. Não existem salvadores humanos, todos os projetos são falhos.
Este não é o momento para querelas, não hora de piadas. É essencial unir forças e lutar pelo bem comum. Chega desta polarização, pois não dá mais para ficarmos achando que somos nós contra eles ou eles contra nós. Somos todos brasileiros, mas infelizmente é preciso reconhecer que alguns estão sendo tratados como se fossem números. Todos têm ou devem ter os mesmos direitos, e sim, cabe-nos a indignação e é preciso que ergamos as nossas vozes em protesto, pois se nos calarmos, amanhã será tarde demais.
Este é o momento de reconhecermos que falhamos. Devemos silenciar e chorar por todos aqueles que se foram e não me falem dos que morreram por outro motivo, pois toda morte deixa um vazio, toda e qualquer morte gera dor e sofrimento e precisa ser lamentada, mas o momento não é de uma morte, mas sim uma tragédia, uma calamidade a nível mundial.
Não há salvadores da pátria, mas há o Salvador do mundo. Não depositarei minha esperança em partido político, muito menos em qualquer candidato ou político de carteirinha. Lógico que exercerei meu dever cívico, mas olharei para Aquele que pode dar esperança. A tragédia é assustadora e sem precedentes. A quantidade de pessoas que morrem é alarmante e neste momento, é essencial lamentar.
O atual momento é de lamento. Quiçá devamos ouvir a declaração do Senhor: “Assim diz o SENHOR: ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem” (Jr 31.15). Esta passagem reaparece na narrativa de Mateus, quando Herodes manda matar as crianças, e o evangelista, declara que é o cumprimento desta profecia. Dor e tristeza pelos filhos que morreram. Diante da quantidade de pessoas que morreram, devemos lamentar e muito.
Não há salvadores da Pátria, mas há o Salvador e em meio à esta aflição e dor, digo como Jeremias: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” (Lm 3.21-26).
Não é a direita, nem a esquerda. Não são os políticos que nos trarão esperança e salvação. A salvação vem do SENHOR. Não há salvadores da pátria, mas há o Salvador do mundo.
[1] Disponível em: https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/18/felipe-neto-faz-mea-culpa-sobre-atuacao-politica-errei-muito-no-passado.htm. Acessado em: 20 de Maio de 2020.