Não perca a sua essência

Quem visita a cidade de Manaus não pode deixar de fazer o passeio de barco e se deixar encantar pela beleza do encontro das águas. Os rios Negro e Solimões juntos caminham lado a lado e não se misturam, são completamente distintos. Nesse sentido, assim também é o cristão, pois ele caminha na sociedade, está inserido na polis, mas precisa ser completamente distinto dela, pois esse foi o ensinamento do Mestre. Jesus afirmou:
“Vocês são o sal da terra. Mas, se o sal perder o sabor, para que servirá? É possível torná-lo salgado outra vez? Será jogado fora e pisado pelos que passam, pois já não serve para nada” (Mt 5.13).
Quais são as lições que esse texto nos ensina?
A primeira lição que o texto ensina é que o discípulo vive na sociedade, ainda que sendo completamente diferente dela. Notemos que Jesus afirma que seus discípulos são o sal terra, estão inseridos na sociedade, mas são distintos dela. Eles não vivem num gueto, não estão trancados numa bolha, estão vivendo e convivendo lá fora e é lá que manifestam que pertencem a Jesus, que não são desse mundo como o Mestre afirmou em sua oração: “Eu lhes dei tua palavra. E o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como eu também não sou” (Jo 17.14). Portanto, a tua vida deve mostrar que és completamente distinto e que estás aqui, mas não compactua com os valores corruptos desse mundo.
A segunda lição que o texto ensina é que tu tens que estar dando significado existencial aos demais. É preciso ser diferente e viver numa contra-cultura. Portanto, é preciso viver como um imitador de Cristo e conservar em si a semelhança com o Senhor Jesus. É ser um padrão a ser seguido e não seguir os padrões impostos pela cultura vigente. Portanto, como diz Caio Fábio, o desafio “está em que nos mantenhamos dentro da Terra, dentro da sociedade, enquanto damos sabor e gosto, a diferença”. Será que tua vida tem desafiado os outros? Tens sentido de vida?
Por último, há uma advertência. O texto ensina que devemos ter cuidado para não perdemos a nossa essência. Ou seja, Jesus afirma que é essencial manter-se puro, ter o seu conteúdo imaculado, continuar a ser diferente. Aqui apresenta-se duas realidades fundamentais. A primeira é a questão existencial, sobre o que somos e quem somos e onde estivermos, devemos manifestar a nossa essência. A segunda é coletiva, pois se manifesta em um ambiente social, uma comunidade conjunta que faz a diferença e que dá sentido à vida. Entretanto, quando se perde a razão de ser, quando a coletividade esquece quem é, perdendo a sua propriedade de salgar, o seu sentido de existir não serve para mais nada, por isso, tome cuidado.
Ser cristão não significa ficar isolado da sociedade, fechado num gueto. Ser cristão é estar inserido na vida social, mas com valores completamente distintos e dando sentido à existência é ser desafiado a ser a diferença e fazer a diferença, mas tendo cuidado para não se deixar levar e perder a sua essência. Cristo está sendo visto em tua vida?