O Deus Presente

No final do século XVII e início do Século XVIII, surgiu um movimento que recebeu o nome de Deísmo, que era uma crença da religião racional ou natural, que não levava em conta a revelação histórica. Entretanto, com o passar dos anos e o seu desenvolvimento, o deísmo afirmava a sua crença em Deus, mas este era um “Deus ausente”, que havia criado o mundo, estabelecido as suas leis e simplesmente foi embora, deixando o mundo funcionando em seus mecanismos e ordens naturais. Sendo assim, o pensamento deísta comparava Deus com um relojoeiro, que depois de ter concluído a fabricação de um relógio, deu corda e não interferiu mais em seu funcionamento. Contudo, essa ideia é bem mais antiga, pois em um momento de intensa aflição, o grito de Habacuque, carregava em si essa ânsia e, em seu desespero, o profeta questionava Deus e perguntava-lhe porque Ele não agia. Charles Feinberg, professor de Antigo Testamento afirmou: “Longe está Deus de ser um espectador desinteressado nos assuntos terrenos. Podemos estar sempre certos de que, se nossos corações se preocupam com a predominância do pecado e da impiedade, com maior razão está Deus profundamente preocupado”. E Deus se manifestou bem presente e foi ao encontro de Habacuque e lhe respondeu:
“Observem as nações ao redor; olhem e admirem-se! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que alguém lhes contasse. Estou levantando os babilônios, um povo cruel e violento. Eles marcharão por todo o mundo e conquistarão outras terras. São conhecidos por sua crueldade e decidem por si mesmos o que é certo. Seus cavalos são mais velozes que leopardos e mais ferozes que lobos ao anoitecer. Seus cavaleiros atacam, vindos de longe; como águias, lançam-se sobre a presa para devorá-la. “Todos eles vêm prontos para agir com violência; seus exércitos avançam como o vento do deserto, ajuntando prisioneiros como se fossem areia. Zombam de reis e príncipes e desprezam todas as suas fortalezas. Constroem rampas de terra contra seus muros e as conquistam. Passam com rapidez, como o vento, e desaparecem. Sua culpa, porém, é grande, pois têm como deus sua própria força” (Hc 1.5-11).
Quais são as lições desse texto para os nossos dias?
A primeira lição que o texto ensina é que Deus ouve as nossas súplicas. Ele não está ausente e muito menos é surdo. O profeta havia clamado e gritado contra o que estava acontecendo e o Senhor foi ao seu encontro, mas Ele não responde o porquê? Deus apenas declara que, como Soberano, continuará fazendo obras nunca vistas. Deus respondeu ao profeta e avisou que, com tempo, que o julgamento chegaria.
A segunda lição que o texto ensina é que Deus rege o universo. O profeta estava gritando pelo que acontecia ao seu povo. Sua angústia era localizada, mas Deus disse para que ele alargasse sua visão, olhasse à sua volta para perceber o panorama mundial e, antecipadamente, soubesse que a justiça e a disciplina chegaria por meio de um povo voraz e cruel.
A terceira lição que o texto nos ensina é que o ser humano tem a capacidade de desprezar a Deus. O Senhor respondeu ao profeta e disse que o julgamento estaria a caminho, mas Ele próprio declarou que aqueles que servirão para exercer a disciplina são autossuficientes, arrogantes e que divinizam o poder, desprezando o próprio Deus.
O profeta havia se queixado da ausência de Deus, mas o Senhor se mostrou presente e disse-lhe o que estava para acontecer. Mostrou que exerceria a disciplina e, para isso, utilizaria um povo que confiava apenas em si mesmo. Deus é presente e atento, Ele ouve a nossa oração. A pergunta é: Estamos preparados para a resposta do Senhor?