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O exercício da compaixão


Lidar com o ser humano é um desafio muito grande uma vez que as relações interpessoais são sempre um desafio, pois cada ser humano é único e carrega em si um mundo. Nessa perspectiva, observamos que para a execução de qualquer projeto que envolva pessoas, o maior desafio, sem dúvidas, é o relacional. Nota-se também que os problemas pessoais, que muitas vezes podem ser graves, competirão, no ambiente relacional com aqueles que desejam levar vantagem em tudo e irão explorar o seu semelhante.


Ao lermos o livro de Neemias, mais uma vez vemos Neemias reconhecendo que a importância que cada pessoa tem no ambiente de trabalho, além de nos fazer perceber que não podemos explorar o nosso semelhante. Neemias teve que lidar com a queixa do povo e lutar contra a exploração social que havia naquela sociedade. Assim narra o texto:


Por esse tempo, alguns homens e suas esposas fizeram um grande protesto contra seus irmãos judeus. Alguns deles diziam: Nossas famílias são grandes; precisamos de mais alimento para sobreviver. Outros diziam: Hipotecamos nossos campos, nossas videiras e nossas casas para conseguir comida durante este período de escassez. Ainda outros diziam: Tomamos dinheiro emprestado para pagar os impostos do rei sobre nossos campos e vinhedos. Somos da mesma família que os ricos, e nossos filhos são iguais aos filhos deles. Contudo, somos obrigados a vender nossos filhos como escravos só para termos dinheiro suficiente para viver. Já vendemos algumas de nossas filhas, e não há nada que possamos fazer, pois nossos campos e vinhedos agora pertencem a outros. Quando ouvi essas reclamações, fiquei muito indignado. Depois de pensar bem na questão, repreendi os nobres e os oficiais, dizendo: Vocês estão prejudicando seus próprios irmãos ao cobrar juros quando lhes pedem dinheiro emprestado! Em seguida, convoquei uma reunião pública para tratar do problema. Na reunião, eu lhes disse: Temos feito todo o possível para resgatar nossos irmãos judeus que se venderam a estrangeiros, mas agora vocês os vendem de volta à escravidão. Quantas vezes precisaremos resgatá-los? E eles não tinham nada a dizer em sua defesa. Então prossegui: O que vocês estão fazendo não é certo! Acaso não deviam andar no temor de nosso Deus, para evitar a zombaria das nações inimigas? Eu, meus irmãos e os homens que trabalham para mim temos emprestado dinheiro e cereal para o povo. Agora, porém, deixemos de cobrar juros! Devolvam-lhes hoje mesmo seus campos, seus vinhedos, seus olivais e suas casas. Devolvam também a centésima parte, os juros que cobraram quando lhes emprestaram dinheiro, cereais, vinho novo e azeite. Eles responderam: Devolveremos tudo e não exigiremos mais nada do povo. Faremos conforme você diz. Então chamei os sacerdotes e fiz os nobres e os oficiais jurarem que cumpririam sua promessa. Depois, sacudi as dobras de meu manto e disse: Que Deus assim os sacuda de seus lares e de suas propriedades se vocês não cumprirem o que prometeram! Que fiquem sem absolutamente nada! Toda a comunidade respondeu: “Amém”, e louvaram o Senhor. E o povo cumpriu o que havia prometido. Durante os doze anos em que fui governador de Judá, do vigésimo ano ao trigésimo segundo ano do reinado do rei Artaxerxes, nem eu nem meus oficiais cobramos o tributo de alimentação ao qual tínhamos direito. Os governadores anteriores, no entanto, haviam colocado cargas pesadas sobre o povo; exigiam uma porção de alimento e de vinho, além de quarenta peças de prata. Até mesmo os oficiais deles se aproveitavam do povo. Mas, por temor a Deus, não agi dessa maneira. Dediquei-me ao trabalho no muro e não adquiri terras. Exigi que todos os meus servos também trabalhassem no muro. Não pedi nada, embora 150 judeus e oficiais comessem com frequência à minha mesa, além de todos os visitantes de outras terras. Os suprimentos pelos quais eu pagava todos os dias eram um boi, seis das melhores ovelhas, e muitas aves. Além disso, a cada dez dias, precisávamos de uma grande quantidade de vinhos de todo tipo. E, no entanto, não cobrei o tributo de alimentação a que o governador tinha direito, pois o trabalho que o povo realizava já representava uma carga pesada. Lembra-te, ó meu Deus, de tudo que tenho feito por este povo, e abençoa-me por isso (Ne 5.1-19). 

O texto mostra a coragem de Neemias ao tratar de uma situação tão delicada, mas quais são as lições para a nossa vida?


A primeira lição que encontramos é que devemos estar atentos ao clamor do povo. É essencial ouvir as queixas e analisar a situação para buscar respostas concretas para o problema que estamos tratando. Escutar o grito desesperado das pessoas que estão à nossa volta, requer sensibilidade de nossa parte. Ouvir os seus problemas e procurar solucioná-los requer atitudes concretas de nossa parte.


A segunda lição que encontramos no texto é que devemos ter coragem para confrontar as pessoas, afim de que elas tenham uma atitude correta. O texto mostra que não basta ouvir e reconhecer que existem problemas, porém é preciso buscar uma resposta para eles, processo da solução começa com uma análise criteriosa do que está se passando. O texto mostra que Neemias ficou irado, mas não agiu na sua ira, ou seja, a ira dele fez com que houvesse uma ponderação sobre o conflito que enfrentava e, por isso, ele confrontou o povo, não aceitou o erro, pelo contrário, procurou uma solução para que a paz voltasse a reinar no meio do povo de Deus.


Por último, aprendemos que devemos ser generosos, na perspectiva de que é preciso ser alguém com sentimentos elevados e ter compaixão pelas pessoas. Compaixão, nesse caso, como a capacidade de sentir a dor alheia. Neemias, portanto, foi capaz de sentir a dor do povo e, por esse motivo, chamou os exploradores à razão. Logo, foi por esse motivo que trabalhou e não o explorou e, além disso, contribuiu com o seu próprio dinheiro para a realização da obra. Ele agiu com generosidade e o fez por causa do temor do Senhor, ao perceber o sofrimento do povo, inclusive, foi capaz de abrir mão do que era seu para alimentar o povo. O seu olhar, repleto de compaixão e sensível, pôde ver naquelas pessoas o valor que elas possuíam. No entanto, toda essa compaixão exercida por Neemias, bem como as adversidades que ele enfrentou foi tudo feito com o prazer de quem ama ao Senhor.


Neemias esteve atento ao clamor do povo, teve a coragem de confrontar e repreender os exploradores, mas acima de tudo, foi alguém que, por amar a Deus, agiu com generosidade. Eis o nosso grande desafio: Abrir mão de nós mesmos, para que a graça do Senhor alcance as pessoas à nossa volta. É preciso estar de ouvidos bem abertos, buscando a solução para os problemas e com generosidade mostrar ao mundo que vale a pena servir e temer ao Senhor.

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