O grito

Estamos presos dentro de casa. Fechados, isolados por causa de um inimigo invisível que tem espalhado a morte por todos os lugares. Vivemos angustiados, sem saber o que fazer. Estamos confinados, no mais profundo abismo do nosso ser. Descobrimos que o ter não dá garantia de nada. Percebemos que as coisas simples nos fazem falta e desejamos regressar à normalidade.
Edvar Munch, pintor norueguês considerado o criador do expressionismo, tratava em suas obras temas como solidão, medo, melancolia e ansiedade. Munch é o autor do famoso quadro O Grito, que foi pintado pela primeira vez em 1893 e ganhou três novas versões com o passar do tempo. Quando olho para este quadro conhecidíssimo, tenho a noção do desespero, angústia. Podemos declarar que o mesmo se faz atualíssimo em nossos dias. A verdade é que na hora da dor, do desespero, o grito surge como um pedido de socorro, clamando por uma solução.
A bíblia traz este mesmo padrão. Diante da dor, do desespero, as pessoas gritam. Clamam por socorro. Elas voltam-se para Deus e reconhecem que a resposta final reside n’Ele. Olhando para a realidade bíblica, encontro Jonas, o profeta político, que tenta abandonar seu ministério por ter que pregar aos diferentes. Sabemos que foi engolido por um monstro marinho, levado para o fundo do mar e somente de lá, quando não havia mais solução, gritou por socorro a Deus. Olhando para Jonas e seu grito eu aprendo as seguintes lições:
Quando chegamos no mais profundo dos abismos, descobrimos que Deus está ao alcance de um grito nosso. O texto é maravilhoso. Jonas inicia afirmando que Deus o escutou. Ele clamou e foi ouvido. Ele virou às costas para Deus, mas Deus estava de frente para ele e bem atendo às suas necessidades. Sendo assim, saiba que mesmo que você tenha desistido de Deus, Ele não desistiu de você e está de ouvidos bem abertos ao seu clamor.
Quando tudo parecia perdido, já não havia esperança, Jonas percebeu e viu o livramento de Deus. Ele ora e louva a Deus antes da resposta, mas sabe que a resposta é transformadora e salvadora. Ele ensina que o melhor lugar para estar é na companhia de Deus. Jonas mostra que Deus é presente mesmo no mais profundo dos nossos abismos. Deus está conosco, mesmo quando pensamos que a morte terá a última palavra e é aí que aprendemos que a morte é derrotada, ela jamais dirá a última palavra, pois a vida pertence ao Criador.
Outra lição que Jonas ensina em seu grito é que a salvação vem do Senhor. O interessante é que Jonas entende que Deus é o Salvador, mas pensa também que Deus é a causa da sua angústia, mas é justamente o contrário. Estar no ventre do monstro marinho, isolado do mundo é a salvação dele. Se ele tivesse ficado largado no mar, teria morrido. Portanto, há momentos em que nos encontramos ilhados, caídos e no fundo do abismo e é aí e somente aí que iremos perceber que a salvação vem do Senhor. Jonas entendeu isto, que eu e tu também possamos compreender esta realidade.
Quando tudo parecer perdido, quando a angústia tomar conta do ser. Grite, mas grite clamando a Deus, pois d’Ele vem a salvação.