O hedonismo não é a resposta

O homem quando percebe que a sabedoria é enfadonha e não traz a resposta para os seus dilemas existenciais, ao encontrar-se vazio procura satisfazer-se com outras coisas. Nesse sentido, percebendo que a sabedoria humana não pode preencher o vazio que invade seu coração, busca um motivo pelo qual morrer, uma razão pela qual viver. Sendo assim, o ser humano vira-se para o prazer e deixa-se consumir pelo mesmo, mas o resultado é o vazio existencial, pois o hedonismo não é a resposta. O autor de Eclesiastes declara que a vida sem Deus não faz sentido e mesmo que possamos desfrutar de momentos de prazer, de alegria, eles serão passageiros, ou seja, depois do prazer é o vazio. Vale a pena ver o que o autor de Eclesiastes diz:
“Disse a mim mesmo: “Venha, vamos experimentar o prazer; vamos procurar as coisas boas da vida!”. Descobri, porém, que isso também não fazia sentido. Portanto, disse: “O riso é tolice. De que adianta buscar o prazer?”. Depois de pensar muito, resolvi me animar com vinho. E, enquanto ainda buscava a sabedoria, apeguei-me à insensatez. Assim, procurei experimentar o que haveria de melhor para as pessoas em sua curta vida debaixo do sol. Dediquei-me a projetos grandiosos, construindo casas enormes e plantando belos vinhedos. Fiz jardins e parques e os enchi de árvores frutíferas de toda espécie. Construí açudes para juntar água e regar meus pomares verdejantes. Comprei escravos e escravas, e outros nasceram em minha casa. Tive muito gado e rebanhos, mais que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim. Juntei grande quantidade de prata e ouro, tesouros de muitos reis e províncias. Contratei cantores e cantoras e tive muitas concubinas. Tive tudo que um homem pode desejar! Tornei-me mais importante que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, e nunca me faltou sabedoria. Tudo que desejei, busquei e consegui. Não me neguei prazer algum. No trabalho árduo, encontrei grande prazer, a recompensa por meus esforços. Mas, ao olhar para tudo que havia me esforçado tanto para realizar, vi que nada fazia sentido; era como correr atrás do vento. Não havia nada que valesse a pena debaixo do sol” (Ec 2.1-11).
O que aprendemos então com este texto?
A primeira lição que o texto nos ensina é que o prazer pelo prazer não é a resposta. O autor declarou que quando percebeu que a sabedoria não lhe preenchia, dedicou-se ao prazer, tornou-se um hedonista, numa onda desenfreada do prazer pelo prazer e entendeu que o resultado era o vazio.
A segunda lição que o texto nos ensina é que o vício conduz à frustração. É interessante que o autor de Eclesiastes primeiro disse que o hedonismo não lhe fazia sentido e em seguida vai ser específico ao dizer que se dedicou ao vinho. Entregou-se completamente em busca da verdadeira felicidade e alegria, mas aí também ele descobriu que no fim foi ilusão, o vazio.
A terceira lição que o texto nos ensina é que viver para trabalhar não é a resposta. A bebedeira, os grandes empreendimentos, tudo isso é vão se não for vivido dentro da perspectiva do ETERNO. O Eclesiastes declarou que empreendeu esforços para fazer muitas coisas e granjeou muitos bens, desfrutou de muito prazer com o que almejou, mas no fim das contas ele declarou que isso não fazia sentido, era correr atrás do vento.
A quarta lição que o texto nos ensina é que viver uma vida dissoluta e devassa não garante o verdadeiro prazer da vida. O autor declarou que teve muitas mulheres e podemos dizer que ele poderia fazer uma boa dupla com Martinho da Vila e cantar “Procurei em todas as mulheres a felicidade / Mas eu não encontrei e fiquei na saudade / Foi começando bem mas tudo teve um fim”. A felicidade e o sentido de vida não se encontra no outro e muito menos no prazer que se tem com o outro.
O livro de Eclesiastes apresentou-nos uma pessoa hedonista, que buscou a resposta e o sentido para sua existência no prazer, mas ele acabou percebendo que isso não fazia sentido algum, ou seja, tornou-se um niilista afirmando que nada fazia sentido.