O médico

Jesus aproveitava todos os momentos para estar com pessoas e ensiná-las. Ele foi completamente relacional e acolhedor. O Mestre acolhia as pessoas, tratando-as e manifestando-lhes graça, mostrando-lhes que o reino de Deus é para todos. Vejamos como Marcos descreveu essa atitude do Mestre:
“Em seguida, Jesus saiu outra vez para a beira do mar e ensinou as multidões que vinham até ele. Enquanto caminhava por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no lugar onde se coletavam os impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus, e Levi se levantou e o seguiu. Mais tarde, na casa de Levi, Jesus e seus discípulos estavam à mesa, acompanhados de um grande número de cobradores de impostos e outros pecadores, pois eram muitos os que o seguiam. Quando alguns fariseus, mestres da lei, viram Jesus comer com cobradores de impostos e outros pecadores, perguntaram a seus discípulos: “Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?”. Ao ouvir isso, Jesus lhes disse: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores”. (Mc 2.13-17).
Portanto, o Mestre é tanto o médico, como a cura para o mal da humanidade, mas quais são as lições que aprendemos com esse texto?
É preciso aproveitar as oportunidades. O Mestre foi para beira mar e a multidão foi ter com Ele e, aproveitando o momento o Senhor lhes ensinava. Portanto, é fundamental ensinar, mas ensinar na caminhada da vida, em todos os lugares e não ter medo de falar sobre o reino de Deus.
É essencial pregar a tempo e fora de tempo, como afirma o teólogo George Augustin: “Numa época de grandes transformações, que uma modernidade abalada nas suas convicções fundamentais procura timidamente uma nova abertura para a realidade de Deus, há que reconhecer os sinais dos tempos e colocar Deus, com todas as nossas forças, no centro da pregação da ação eclesiástica, e que intervir de uma maneira convincente no discurso social sobre Deus”. Jesus aproveitou os sinais e foi o sinal de Deus para mudar a história da humanidade e o Mestre aproveitou cada oportunidade para ensinar as pessoas.
É preciso se fazer próximo dos que são considerados indignos. O Mestre viu Levi e o chamou para segui-lo, e depois foi comer na casa dele. O Mestre, na casa de Levi, ficou rodeado pelos amigos dele, que na concepção dos religiosos eram indignos de receberem a graça de Deus. Sendo assim, o Mestre nos ensina que precisamos correr riscos e que devemos ter a coragem de ser próximos daqueles que ninguém deseja estar próximo, pois o Ele ama todas as pessoas. O Senhor deseja restaurar a humanidade e não um pequeno grupo dela. Tomás Halík declarou: “Se a Igreja estiver presente apenas para os seus membros, e não para todos, para a sociedade no seu todo, nunca será levada a sério pela sociedade”. Jesus se fez presente para todos e deixou claro que o reino é para todos.
É essencial levar cura para quem está enfermo. Estamos vivendo um tempo de pandemia e esse último aspecto é fundamental. Jesus se apresentou como o Médico dos médicos e mostra que há uma pandemia muito maior, existencial que afeta o ser humano no mais profundo do seu ser, na sua relação com o transcendente.
O Mestre diz que a cura que se efetiva pela manifestação da graça, rompendo com o ciclo discriminatório, com os julgamentos de moralistas que nem se percebem doentes, carentes da cura que a graça de Jesus oferece. Portanto, o desafio é permitir que o Médico dos médicos se faça presente e jorre do elixir de sua graça sobre os enfermos para que haja verdadeira restauração, para que aconteça cura holística.