O Poder é transitório

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu dissolver o parlamento, haja vista o Orçamento de Estado não ter sido aprovado, o que o levou a convocar eleições antecipadas para 2022. Coincidentemente, o Brasil irá a votos no ano de 2022 e, assim, o povo terá a oportunidade de escolher os seus líderes. O autor de Eclesiastes tratou desse tema ao falar-nos de um rei e de seu sucessor e mostra-nos como a popularidade é transitória e que o povo esquece facilmente tudo que foi feito antes. Ele apresenta-nos um rei que se deixou seduzir pelo poder, tornando-se orgulhoso e, por isso, já não ouvia mais ninguém. O autor nos mostra que quem se distancia do povo, acaba seguindo o caminho da ruína. O autor declara isso da seguinte forma:
“É melhor ser um jovem pobre e sábio que um rei velho e tolo, que não aceita conselhos. Pode acontecer de o jovem sair da pobreza e ser bem-sucedido, e até tornar-se rei, mesmo que tenha estado na prisão. Em pouco tempo, porém, todos correm para o lado de outro jovem, que o sucede. Multidões incontáveis o cercam, mas depois surge uma nova geração que o rejeita. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento” (Ec 4.13-16).
Este texto é fantástico para refletirmos sobre vida política, mas também sobre a questão da liderança e também para avaliarmos como procedemos no nosso dia a dia com as pessoas. Sendo assim, quais são as lições que aprendemos com esse texto?
A primeira lição é que a popularidade é passageira. O texto apresenta um rei que governa, mas que já não está mais na graça do povo e, por isso, está isolado e solitário. Portanto, é bom perceber que a popularidade é passageira e que aqueles que hoje nos aplaudem serão os mesmos que nos irão ridicularizar amanhã. Hoje, todos os focos podem estar sobre nós, mas amanhã estaremos no esquecimento. Lembre-se que o povo muda como o vento e a história evidencia essa realidade. Portanto, não se deixe seduzir pelos gritos e pelas palmadas que recebe nas costas, até porque o povo que nos exalta é o mesmo que nos legará ao esquecimento. Devemos entender que a popularidade é passageira e, por isso, viver a nossa vida com sentido, sem nos deixar seduzir pelos gritos e muito menos pela glorificação do momento.
A segunda lição que o texto é para que a pessoa não se deixe seduzir pelo poder. O texto nos apresenta um rei que estava em idade avançada e, portanto, dentro da cultura do Antigo Testamento, a sabedoria era adquirida com o avanço da idade e com a experiência que a vida ia dando-lhe esse rei deveria ser sábio. Entretanto, esse rei se deixou seduzir pelo poder, tornando-se absoluto, achando que não dependia de ninguém. O rei foi dominado pelo orgulhoso, achando-se autossuficiente deixou de ouvir os conselhos dos demais. Portanto, pessoas que assumem cargos de liderança devem ter cuidado para não se esquecer que dependem dos outros e devem lutar contra o orgulho e a absolutização do poder. Portanto, não se deixe seduzir pelo poder porque ele é transitório e tem a capacidade de corromper o homem e fazê-lo pensar que é mais do que realmente é, tornando-o orgulho e vaidoso. Dessa forma, o poder faz com que a pessoa se ache autossuficiente e melhor que as demais.
O autor do Eclesiastes fala da futilidade e transitoriedade do poder e declara que a popularidade é passageira e, por isso, para não nos deixarmos seduzir pelo poder. Dessa maneira, o autor mostra que entre o orgulho e a humildade devemos escolher a humildade e, se assim é, devemos escolher aprender não com a futilidade que há debaixo do sol, mas com aquele que está além do sol e nos fez o seguinte convite: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30).