Onde está Deus?

Essa é uma pergunta recorrente e nos dias em que estamos vivendo ela ressurgiu, apesar de muitos perceberem que Ele é bem presente e estão se deixando conforta e cuidar por Ele. Entretanto, diante dos dilemas, das dores que estamos atravessando, há aqueles que questionam: Onde está o teu Deus? Essa pergunta não é nova, ela é recorrente, o próprio salmista foi atingido por ela (Sl 42.3,10; 115.2).
Essa é uma pergunta quando as tragédias surgem e nos alcançam. Mas devemos dizer que a fatalidade sempre nos alcançará. Ela irá chegar num momento ou outro. Podemos até não estar contando com ela, mas ela baterá à nossa porta que queiramos ou não e nesse momento, os céticos nos questionam: Onde está o teu Deus?
Diante da catástrofe, diante das mortes diárias, de uma pandemia que parece não ter fim, o que respondemos aos questionamentos das pessoas? O que dizemos diante de uma tragédia avassaladora? Qual deve ser a nossa atitude quando vemos que as lágrimas são o alimento daqueles que perderam entes queridos?
Por que Deus fez isto? Para responder essa questão cito Harold Kushner, quando falou a um grupo de pessoas em Novar Orleães, um ano depois do furacão Katrina ter praticamente devastado a cidade. Ali ele declarou: “O terramoto não foi obra de Deus. O furacão não foi obra de Deus. Foi a Natureza cega e insensível. Mas Deus não é nem cego nem insensível. Talvez não nos possa proteger da devastação, mas pode nos impedir de ser devastados por ela. O vento e a chuva podem despedaçar uma casa, mas não têm de destruir um lar, porque um lar não é um edifício. Um lar não é uma mobília. Um lar são pessoas unidas umas às outras pelos laços do amor. Os terramotos de terra podem reduzir igrejas e santuários a um monte de destroços, mas não podem despedaçar a fé, porque as raízes da fé são demasiado profundas para que o tremor da terra as possa alcançar. Perguntamos «por quê?» mas Deus diz: Eu não vou explicar nem tentar justificar. Em vez de uma resposta, dar-te-ei um plano de coisas para fazer. Dar-te-ei toda força, toda a coragem, toda a fé de que precisas para reconstruíres e para continuares com a tua vida. E será esse o milagre.” Portanto, devemos compreender que, no meio das tristezas, do nosso conflito existencial, podemos simplesmente afirmar: “Mas o nosso Deus está nos céus; faz tudo o que lhe apraz" (Sl 115.3). Mesmo sem compreender determinadas coisas que estão a nos suceder, podemos ter a garantia de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Deus não é apanhado de surpresa, Ele tem tudo sob controle.
Quando enfrentamos a tragédia e a dor nos bate à porta, diante dos por quês e sobre onde está Deus, com serenidade, mesmo sentindo a dor e a aflição, podemos afirmar que Ele está habitando em nossos corações (1 Co 6.19). É Ele quem conforta-nos e consola-nos para que possamos assim, consolar e confortar os que estiverem a passar problemas similares aos nossos (2 Co 1.3-5).
Deus está aqui. Ele não está calado e muito menos omisso. Ele controla todas as coisas. Deus não muda, Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. O Senhor continua no controle de todas as coisas e mesmo que a tragédia nos alcance, precisamos cantar como o profeta Habacuque que disse: “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.” (Hc 3.17-19).
Onde está o teu Deus? Ele está aqui presente, sendo a nossa força e salvação. Por isso, regozijemo-nos no Senhor!