Ore a seu deus

Certa vez, tive o privilégio de participar de um evento sobre saúde, onde determinado médico testemunhou um momento onde ele foi o paciente e teve que se sujeitar a uma operação de alto risco. Depois de ter partilhado a sua história, uma pessoa que se encontrava naquele evento perguntou-lhe onde ficava Deus nesse momento. Todos sabia que ele era ateu, mas sua resposta foi que nessa ora o ateu ora. Nesse momento, recordei da canção de Gonzaguinha, “O que é, o que é”, que declara: “ninguém que a morte, só saúde e sorte”. Portanto, é no momento da aflição, da incerteza que vemos as pessoas recorrem a Deus e no seu desespero compreendem que apesar das limitações humanas, podem encontrar uma resposta n’Aquele que é o Criador de todas as coisas. O livro de Jonas, mostra um grupo de homens desesperados, que clamam a Deus suplicando para que o Senhor os salve. Entretanto, o profeta de Deus estava indiferente, totalmente apático e por isso, foi repreendido. Vejamos esse relato e depois reflitamos sobre o mesmo:
“O Senhor deu esta mensagem a Jonas, filho de Amitai: “Apronte-se e vá à grande cidade de Nínive. Anuncie meu julgamento contra ela, pois vi como seu povo é perverso”. Jonas se aprontou, mas foi na direção contrária, a fim de fugir do Senhor. Desceu ao porto de Jope, onde encontrou um navio que estava de partida para Társis. Comprou a passagem e embarcou para Társis, a fim de fugir do Senhor. O Senhor, porém, enviou sobre o mar um vento forte, e caiu uma tempestade tão violenta que o navio estava prestes a se despedaçar. Com muito medo, os marinheiros clamavam a seus deuses para que os socorressem e lançavam a carga ao mar para deixar o navio mais leve. Enquanto isso, Jonas dormia profundamente no porão. Então o capitão desceu para falar com ele. “Como pode dormir numa situação dessas?”, disse. “Levante-se e ore a seu deus! Quem sabe ele prestará atenção em nós e poupará nossa vida!” Então a tripulação tirou sortes para ver qual deles havia ofendido os deuses e causado a terrível tempestade. Quando tiraram as sortes, elas indicaram que Jonas era o culpado. “Por que essa terrível tempestade veio sobre nós?”, perguntaram. “Quem é você? Qual é sua profissão? De onde vem? Qual é sua nacionalidade?” Jonas respondeu: “Sou hebreu e adoro o Senhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra”. Os marinheiros ficaram apavorados quando ouviram isso, pois Jonas já havia lhes contado que estava fugindo do Senhor. “Por que fez uma coisa dessas?”, disseram. E, visto que a tempestade piorava cada vez mais, perguntaram-lhe: “O que devemos fazer com você para que a tempestade se acalme?”. Jonas respondeu: “Joguem-me ao mar, e ele voltará a ficar calmo. Eu sei que esta terrível tempestade é culpa minha”. Em vez disso, os marinheiros remaram com ainda mais força para levar a embarcação à terra, mas não conseguiram, pois o mar tempestuoso havia se tornado muito violento. Então clamaram ao Senhor e disseram: “Ó Senhor, não nos deixes morrer por causa deste homem, e não nos responsabilizes pela morte dele! Ó Senhor, tu sabes os motivos por que enviaste esta tempestade sobre ele!”. Depois, os marinheiros pegaram Jonas e o lançaram ao mar e, no mesmo instante, a furiosa tempestade se aquietou. Espantados com o grande poder do Senhor, os marinheiros lhe ofereceram um sacrifício e firmaram o compromisso de servi-lo. O Senhor fez que um grande peixe engolisse Jonas. E Jonas ficou dentro do peixe por três dias e três noites” (Jn 1.1-17).
Quais as lições que aprendemos com esse texto?
A primeira lição que o texto ensina é que Deus não desiste dos seus. Jonas tentou fugir da presença de Deus. Na sua tentativa, comprou uma passagem de barco, desceu e foi para o porão. Portanto, o profeta estava escondido e tentando ir para longe do Senhor, mas Deus veio ao seu encontro, mostrando que não desiste dos seus e foi busca-lo. Sendo assim, devemos aprender que Deus irá buscar os seus onde quer que eles estejam.
A segunda lição que o texto ensina é que quem desistiu de Deus, põe a vida dos outros em risco. O texto afirma que o Senhor enviou uma tempestade tão forte que a embarcação estava se despedaçando e, isso, aconteceu por causa de Jonas. Os marinheiros, que eram experientes viram que não tinham alternativa e que iriam perecer por causa dela. Entretanto, Jonas dormia, pois quem desistiu de Deus e de sua missão, desistiu também do seu próximo.
A terceira lição que o texto ensina é que quem desistiu de Deus, abandona a vida de oração. Deus enviou uma forte tempestade, os marinheiros fizeram de tudo para controlar o barco, mas todo o esforço foi tudo em vão. Aqueles homens então oravam aos seus deuses, mas Jonas o homem de Deus dormia. Quando ele foi encontrado no porão, o capitão lhe disse: “Levante-se e ore a seu deus!”. Jonas levantou-se, e foi até os marinheiros e falou com eles, se identificou, mas não ergueu a sua voz em oração. Quem vira às costas a Deus, deixa de dialogar com ele, mesmo sendo incitado pelos outros.
Jonas desistiu de Deus e da sua vocação e em seu processo de fuga, pôs em risco a vida de todos os que estavam à sua volta. Foi diante da iminente tragédia e do clamor dos marinheiros que ele permaneceu impávido sem erguer a sua voz em oração. Aquele que foge do Senhor torna-se insensível a Deus e ao próximo.