Peregrinos

O evangelho de Mateus mostra-nos que Jesus está caminhando. O final do capítulo 9 diz: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9.35). Jesus percorria todas às cidades e povoados, ia ao encontro das pessoas. Portanto, o cristão é desafiado a ir ao encontro das pessoas, seguindo o exemplo de seu Mestre. Jesus deixou a sua glória e veio ao nosso encontro de maneira humilde para manifestar a glória do Pai (Jo 1.1-4;14). Ele esvaziou-se, humilhou-se por amor de nós (Fp 2.5-8). Ele veio para estar com as pessoas e viveu no meio delas e sofreu fora dos portões (Hb 13.11-12). O texto mostra que “Jesus transita do lado de fora, no mundo secular, com uma facilidade, com uma leveza e com uma liberdade enormes”. Contudo, ele transita do lado de fora sem nunca se deixar influenciar, fazendo a diferença e nós precisamos fazer a diferença em nossos dias. Somos peregrinos e o nosso modo de peregrinar tem que ser como o do Senhor. Sendo assim, é importante afirmar o seguinte:
Devemos peregrinar com sentido de serviço. Jesus peregrinou servindo às pessoas. Ele andou em humildade e foi ao encontro das pessoas. Ele veio e andou à volta delas e no meio delas fazendo o bem, e seus discípulos devem fazer o mesmo. Quando leio este versículo, vejo que o desafio de caminhar com Cristo, faz com que eu compreenda que não estou aqui para destruir. O chamado é para peregrinar com o Senhor, tendo consciência de que somos seu rebanho. Seguimos o nosso Pastor e por isso, podemos ficar tranquilos porque Ele não nos abandonará. Seguimos o Senhor e o servimos, servindo as pessoas.
Devemos peregrinar dando sabor a vida e sentido de vida. O Senhor estava caminhando no meio do povo. É interessantíssimo que o Senhor não ficou trancafiado no templo, mas esteve junto do povo. Ele aparecia nos locais mais inesperados. Vemo-lo a dormir ao relento (Mt 8.18-20), convocando seus discípulos nas praias (Mt 4.18.22), na coletaria de impostos (Mt 9.9), num banquete ele faz discípulos (Lc 5.29) chama uma pessoa que estava curiosa e desejava vê-lo para estar com ele (Lc 19.1-10), opera o seu primeiro milagre em um casamento (Jo 2.1-12) e está presente tanto nas sinagogas como nos cemitérios (Jo 8.38). O Senhor peregrinava e, no seu percurso, encontrava-se com as pessoas. Os seus discípulos devem aceitar o desafio de estar peregrinando no meio do povo. É interessante ler a oração sacerdotal de Jesus (Jo 17), que diz o seguinte: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18). O Senhor diz que devemos estar inseridos na sociedade e fazendo a diferença. Ele afirma que seus discípulos são sal e luz (Mt 5.13-16). A luz dissipa as trevas, serve de sinal de advertência, mas também indica-nos o caminho. O sal penetra os alimentos, desaparece, mas o seu sabor se faz sentir. É neste paradoxo que devemos viver. O discípulo necessita estar engajado num processo de transformação histórica de pessoas e estruturas sociais.
Devemos peregrinar motivados pela esperança, pois caminhamos para o nosso verdadeiro lar. Jesus caminhou neste mundo consciente para onde ia. Em suas últimas palavras aos discípulos, O Senhor afirmou categoricamente que ia para o Pai. Enquanto celebrava a sua última Páscoa, o Senhor explicou aos discípulos o que lhe aconteceria. Ele disse que ia para o Pai e voltaria para levá-los para junto d’Ele (Jo 14.1-3). O discípulo precisa compreender que estamos aqui de passagem. Nós seguimos para a nossa verdadeira habitação, seguimos para a morada que o Senhor tem preparado para nós onde viveremos por toda a eternidade (Sl 23.6). Quem peregrina com o Senhor, não valoriza o transitório. Devemos compreender que “A caminhada cristã no mundo implica nesta direção final: o fim em que a comunidade de Deus, a família de Deus, se tornará realidade pela quebra de valores egoístas e individualistas, em virtude de uma nova visão do ser humano e da sociedade. Uma nova visão que se tornou possível pela compreensão e realização dos valores do Reino de Deus em nossa vida.” Devemos seguir em frente motivados pela esperança.
Somos peregrinos, mas na nossa peregrinação, sendo bênção na vida daqueles que se cruzam conosco, iluminando e dando sabor às suas vidas com a mensagem da esperança.