Purificação

Há pessoas que olham para a religião um grande negócio e outros como um trampolim para uma carreira política. É comum encontrar pessoas que, num determinado tempo fizeram sucesso nos mais variados meios artísticos mas, por terem caído no esquecimento, reaparecem como membros de uma determinada “igreja” e assim, fazem o relançamento de sua carreira.
É triste ver pessoas que se utilizam da igreja para enriquecer e para fazer conchavos políticos. Devemos olhar para história e ver que todas as vezes que a igreja se uniu à política ou vice-versa, o final foi trágico. Entretanto, se é incompatível a relação entre o estado com qualquer religião, convém dizer que é repugnante o comércio que se faz em nome da fé.
É um ultraje ver que líderes ditos “evangélicos” se aproveitem da pandemia para enriquecer e enganar seus fiéis vendendo falsas esperanças. O que mais se vê na televisão são milagreiros enganando o povo e explorando a fé de gente desesperada que busca uma solução para os seus dilemas.
Não podemos pensar que a comercialização da fé é coisa nova. Ela se arrasta ao longo da História. Recordo do artigo que saiu na revista Visão, nº 415 de 22-28 de Fevereiro de 2001 intitulado: “Do convento ao cabaret”, o qual versa sobre uma certa líder de uma igreja no Brasil e mostra como o cristianismo tem sido banalizado e ridicularizado, por falta de profundidade na Palavra de Deus. É claro que a mensagem da igreja deve ser relevante, atual e com uma linguagem que alcance o povo, mas a mensagem não pode ser deturpada, para que depois venha a ser ridicularizada. Precisamos lembrar que a igreja é o projeto de Deus para o mundo, e esse projeto não pode ser mascarado, cheio de jeitos e trejeitos, pois ele precisa ser consistente e fundamentado nas Escrituras.
O artigo trouxe-me à mente o dia que Jesus entrou no templo e o purificou. Note, o Senhor da Igreja, não aceitou que a sua casa fosse transformada em um centro empresarial. Não permitiu que ela se transformasse num mercado. Imaginei o Senhor Jesus chegando à “igreja” dessa senhora. O que Ele faria? Iria participar da discoteca evangélica? Participaria do namoro na igreja? Pediria o caderno de Contribuição Mensal para que seu nome fosse incluído na lista de orações? Compraria um kit “Bom Encontro”? Não! O Senhor não compactuaria com essa mercantilização moderna da fé. Ele não aceitaria a negociata que é feita em seu nome. Penso que, o Senhor repetiria a atitude que teve em Jerusalém e utilizaria as mesmas palavras: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores” (Mt 21.13).
Não podemos esquecer que o templo somos nós (1 Co 6.19-20), mas o que estamos fazendo com esse templo? Não podemos permitir a banalização e o comércio da fé em nossas vidas. Devemos dizer como o salmista: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve” (Sl 51.7).
Que o Senhor purifique a sua igreja e purifique aqueles que se dizem seus líderes, para que possa ser dito deles o mesmo que foi dito sobre o profeta Eliseu: “Vejo que este que passa sempre por nós é santo homem de Deus” (s Rs 4.9) e nunca que sejam chamados de comerciantes da fé e que não transformem à casa do Senhor em um cabaret.