Quando a vida perde a graça

Durante a nossa caminhada, aprendemos que a vida é feita de lutas e que, nesse processo, muitas pessoas pensam em desistir, ficam tristes e são tomadas pela depressão. Hoje sabemos que, a depressão é uma doença que pode atingir qualquer pessoa e em qualquer faixa etária. Além disso, o seu tratamento é moroso, o que leva muitos a sucumbirem a ela. Mas há pessoas que, mesmo não estando depressivas, ao serem contrariadas, a não terem suas vontades realizadas, ficam zangadas, fazem chantagem emocional e chegam a desejar a morte. Quando lemos a Bíblia encontramos vários personagens que passaram por essas situações, tal como o profeta Jonas, que perdeu a alegria de viver tão somente porque o povo de Nínive deu crédito a sua pregação. Após o arrependimento dos ninivitas, Jonas ficou revoltado de tal maneira que Deus teve que ir ao seu encontro. É interessante o diálogo que há entre os dois. Leiamos:
“Isso tudo deixou Jonas aborrecido e muito irado. Então, orou ao Senhor: “Antes de eu sair de casa, não foi isso que eu disse que tu farias, ó Senhor? Por esse motivo fugi para Társis! Sabia que és Deus misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor. Estás pronto a voltar atrás e não trazer calamidade. Agora tira minha vida, Senhor! Para mim é melhor morrer que viver desse modo”. O Senhor respondeu: “Você acha certo ficar tão irado assim?”. Então Jonas foi até um lugar a leste de Nínive e construiu um abrigo para sentar-se à sua sombra enquanto esperava para ver o que aconteceria à cidade. O Senhor Deus fez crescer ali uma planta, que logo espalhou suas folhas grandes sobre a cabeça de Jonas e o protegeu do sol. Isso aliviou o desconforto de Jonas, e ele ficou muito grato pela planta. No dia seguinte, porém, ao amanhecer, Deus também mandou uma lagarta. Ela comeu o talo da planta, que secou. Quando o calor do sol se intensificou, Deus mandou um vento leste quente soprar sobre Jonas. O sol bateu em sua cabeça até ele sentir-se tão fraco que desejou morrer. “Para mim é melhor morrer que viver desse modo”, disse ele. Deus perguntou a Jonas: “Você acha certo ficar tão irado por causa da planta?”. Jonas respondeu: “Sim, acho certo ficar tão irado a ponto de querer morrer!”. Então o Senhor disse: “Você tem compaixão de uma planta, embora não tenha feito coisa alguma para que ela crescesse. Ela depressa apareceu e depressa murchou. Nínive, porém, tem mais de 120 mil pessoas que não sabem decidir entre o certo e o errado, sem falar de muitos animais. Acaso não devo ter compaixão dessa grande cidade?” (Jn 4.1-11).
Quais são as lições que aprendemos com esse texto?
A primeira lição que o texto ensina é que parece que a vida perde o sentido quando vemos a graça alcançando os nossos inimigos. Jonas, o profeta, foi e pregou aos seus inimigos, obedecendo a ordem que Deus lhe dera. Contudo, o que ele desejava era que os ninivitas morressem, mas isso não aconteceu e, por esse motivo, ele ficou irado e desejou a própria morte. Portanto, quem se alimenta do ódio não consegue conviver com o sucesso do outro e muito menos ver a manifestação da graça àquelas pessoas que considera como inimigas.
A segunda lição que o texto ensina é que a vida perde a graça quando somos contrariados. Jonas ficou contrariado ao ver o povo sendo salvo, bem como depois de ver uma planta, que lhe deu um certo conforto, murchar. Ele não gostou do que aconteceu e, por isso, queixou-se a Deus e desejou a própria morte. Entretanto, vemos que o ódio e o desprezo pelo outro cega-nos ao ponto de desprezarmos as pessoas e olharmos apenas para o nosso próprio conforto.
Por último, aprendemos que o Deus da graça não desiste de nós, quando perdemos a graça de viver. Jonas estava revoltado e por isso perdeu o sentido de vida e passou a desejar a própria morte. Foi assim que, sentado e zangado, Deus foi ao seu encontro e dialogou com ele, mostrando-lhe que é fundamental mostrar misericórdia. O Senhor, que é misericordioso e clemente, falou com o seu profeta, dialogou com ele, mostrando-lhe que não desistia dele, mesmo que ele tivesse desistido da vida. Portanto, saiba que Deus não desiste de amar.
Jonas perdeu a alegria e a graça de viver, mas o Senhor foi ao seu encontro e da mesma maneira que Jonas, muitas vezes perdemos a graça da vida, mas o Deus da graça não desiste de nós. Quando você perder a graça da vida, encontre-se com o Deus da graça.