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Reciprocidade


Durante alguns anos trabalhei com adolescentes, o que me proporcionou uma experiência marcante. Naquela altura, devo dizer, ainda havia liberdade para brincarmos sem sermos taxados como isso ou aquilo. Era um tempo em que as coisas eram encaradas como brincadeiras e lembro-me bem de ter dito aos adolescentes que escrevessem algo que gostariam que a pessoa que estivesse ao seu lado fizesse e, de forma enfática, afirmei que eles poderiam escrever o que desejassem que a pessoa fizesse, pois os outros teriam que fazer o que foi escrito. Prontamente, todos eles escreveram, mas depois de revelarem o que escreveram, disse-lhes que eram eles que deveriam fazer o que escreveram e, foi nesse momento que todos, em coro, disseram que não. A partir desse momento, falei do Mestre e de seu sermão do Monte, principalmente o que Ele declarou o que devemos fazer em relação aos outros conforme narrado em Mateus:


“Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas” (Mt 7.12). 

O que esse texto nos ensina?


A primeira lição que o texto ensina é que devo ver no outro a minha própria imagem. Jesus declara que devo ver o outro como extensão de mim, devo olhar para o outro como se fosse um espelho e, por esse motivo, vendo-me refletido, não irei agir com agressão, pois não desejo causar mal a mim mesmo.


A segunda lição desse texto é que devo perceber que o outro tem a mesma dignidade que eu. Portanto, o outro não pode ser menosprezado, não deve marginalizado e muito menos violado nos seus direitos, pois ele é tão digno quanto eu e, da mesma forma que desejo ser tratado com respeito e ser valorizado, tenho que tratar o meu semelhante assim também.


Por último, Jesus ensina que a Escritura mostra que o outro deve ser valorizado. Esse ponto é fantástico, pois o Mestre ensina que cada ser humano tem valor intrínseco e que eu devo fazer a ele o que desejo que seja feito a mim por causa do que sou e do valor que me dou. O ponto essencial é como eu me vejo perante Deus e perante a mim mesmo, pois tudo que farei ao outro é um reflexo do que desejo que seja feito a mim. Será que eu me vejo com valor e sendo a imagem e semelhança de Deus? Vejo o outro com a mesma dignidade que vejo a mim mesmo?


Numa tarde de domingo ensinei a um grupo de adolescentes que a reciprocidade é algo maravilhoso, que devo agir com o outro da maneira que eu desejo ser tratado. O Mestre foi além, pois no seu sermão disse isso, mas quando os religiosos lhe apresentaram uma mulher apanhada em pleno ato de adultério e eles disseram que ela deveria ser apedrejada, ao questionarem sobre a atitude dela, Jesus disse-lhes: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7). Portanto, se tu és digno de pedradas não dê pedradas em ninguém. O que é que tens dado às pessoas?

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