Refugiados

Nosso momento é dramático, pois a cada fim de dia vemos subir o número das pessoas que foram infectadas pelo Covid-19 e também de mortes causadas por causa deste terrível vírus, que além de matar tem causado uma crise política sem precedente.
Hoje somos refugiados em nossas próprias casas. Alguns de forma obrigatória outros por opção, mas a realidade é que nos transformamos em refugiados e por isso, precisamos ficar trancados em casa, mas e os que não têm casa?
O refugiado é um fugitivo, expatriado que deseja dias melhores. Contudo, o que eles vivem não tem nada de melhor e o que vemos é algo bem diferente. Refugiados vivem aglomerados em seus campos, são segregados e não tem direito a nada. Ficam entregues à própria sorte, dependentes da boa vontade de terceiros. Entretanto, refugiados são seres humanos que precisam ser amados, acolhidos, amparados e cuidados.
Jesus foi um refugiado com seus pais. Era uma criança e seus pais tiveram que fugir para o Egito (Mt 2.13-15). Sim, os primeiros anos do Mestre foram passados em uma cultura adversa à sua. Quantas crianças vivem em solos adversos, numa cultura estranhas e entregues a todo tipo de mazelas em campos de refugiados?
Nosso campo de refúgio hoje é a nossa casa. É um lugar supostamente seguro e pacato. Temos tudo, mas mesmo assim, notamos o desespero e a angústia de alguns que por estarem confinados dentro de casa, por não terem a oportunidade de estar com os amigos e familiares. Nestes tempos de insegurança, queremos voltar à normalidade, mesmo sem saber definir o que seja isto.
Cataria Furtado, atriz e apresentadora de televisão, é uma mulher empenhada no apoio aos refugiados e por isso, investe muito de sua vida para conseguir melhorias para estes que ficaram sem pátria. Ela é um exemplo que devemos seguir. Recentemente ela disse: “Um slogan a respeitar e a acreditar “Fiquem em casa. Vai ficar tudo bem” pertence ao mundo da ficção para os refugiados do mundo inteiro (…) no campo de Moria, na ilha de Lesbos, uma sanita serve 90 pessoas e um duche 200. Como podem lavar as mãos sem casas de banho? Sem água? Como podem cumprir distância social sem espaço entre as tendas? Como podem sobreviver à força deste maldito vírus apesar de todos os dias tentarem sobreviver ao esquecimento total da comunidade internacional?! Um sopro e partirão todos…”, e todos um dia partiremos, mas precisamos antes de partir cuidar uns dos outros.
Já diz a canção que “devemos amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Nossa atitude deve ser aqui e agora, no presente. Mas neste momento, como diz Catarina: “Valorizemos o poder estar em casa, quando se tem uma”. Sim, fique em casa, mas se puder e se houver oportunidade, apoie aqueles que no seu confinamento e refúgio precisam de ajuda. Neste momento onde o nosso campo de refúgio é uma “casa”, quando a temos, não podemos ficar indiferentes àquelas que não têm e muito menos as que são prisioneiras solitárias. Que em nós brote o mesmo sentir de Catarina que manifesta em sua vida o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.