Ruma à vitória

A vida é feita de incertezas e todo aquele que almeja ser vitorioso deve seguir com calma, utilizando-se de palavras brandas, pois ninguém ganha no grito. Além do mais, é fundamental compreender que na vida teremos que enfrentar várias adversidades e precisamos aprender a viver e conviver com a ingratidão dos outros e não importa o quão bom tenhamos sido, o bem que tenhamos feito, sempre teremos que lidar com a ingratidão. O autor de Eclesiastes diz que foi isso que ele observou e declarou assim:
“Observei outra coisa debaixo do sol. Aquele que corre mais rápido nem sempre ganha a corrida, e o guerreiro mais forte nem sempre vence a batalha. Às vezes os sábios passam fome, os sensatos não enriquecem, e os instruídos não alcançam sucesso. Tudo depende de se estar no lugar certo na hora certa. Ninguém é capaz de prever quando virão os tempos difíceis. Como peixe na rede ou pássaro na armadilha, as pessoas caem em desgraça de modo repentino. Outro exemplo de sabedoria me impressionou enquanto eu observava como as coisas funcionam debaixo do sol. Havia uma cidade pequena, com poucos habitantes, e um grande rei veio com seu exército e a cercou. Um homem sábio, mas muito pobre, usou sua sabedoria para salvar a cidade. Depois, porém, ninguém se lembrou de lhe agradecer. Por isso, pensei: embora a sabedoria seja melhor que a força, o sábio é desprezado quando é pobre. Suas palavras logo são esquecidas. É melhor ouvir as palavras calmas da pessoa sábia que os gritos do rei tolo. É melhor ter sabedoria que armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas boas” (Ec 9.11-18).
Meditando nesse texto, vejo que o Pregador nos ensina a seguirmos pela vida rumo à vitória. É a vitória sobre o ego, sobre nossas revoltas e acima de tudo sobre as nossas lutas. Portanto, o Pregador nos ensina a caminhar rumo à vitória. Sendo assim, vejamos o que o texto nos ensina.
A primeira lição que o texto ensina é que devemos aprender com as dores e conte e com a imprevisibilidade da vida. O Pregador olha para a vida e afirma que ela é feita de surpresas, é imprevisível e, por isso, um dia a tragédia baterá à nossa porta. Portanto, aprendemos que somos limitados pelo tempo e ninguém sabe quando chegará o seu dia. Viver é ter que enfrentar as suas dores e o imprevisível, pois não temos garantias. Sendo assim, o Pregador nos ensina que para vencermos nesta vida temos que saber que a dor e o inesperado são uma realidade.
A segunda lição que o texto ensina é que devemos aprender que na vida é preciso contar com o desprezo e a ingratidão. O Pregador afirma que a sabedoria nem sempre é valorizada e exemplifica afirmando que uma cidade foi cercada por um rei poderoso, mas um homem pobre e sábio, com a sua sabedoria salvou a cidade. Entretanto, esse homem caiu no esquecimento. O que ele afirma é que depois do perigo a vida regressou ao normal e ninguém mais se lembrou do sábio. Portanto, o Pregador afirma que quem deseja ser vencedor não se detém aos momentos efêmeros de glória e não espera a gratidão pública, faz o que tem que fazer e pronto. Quem deseja ser vencedor não se deixa aprisionar pelo que é transitório. O Pregador afirma que na vida devemos aprender a conviver com a ingratidão e o desprezo dos outros. O vencedor aprende a agir com sabedoria e a depender de Deus e não dos homens.
Por último, o texto ensina é que a vitória não se adquire no grito e muito menos na força. O Pregador declara que há pessoas que chegam ao poder, que dominam as situações na base do grito. Entretanto, ele afirma que mais vale ficar calado do que fazer confusão, pois mais vale o silêncio do que a gritaria. Quem não sabe dialogar, quem fica destemperado, não edifica, apenas destrói os relacionamentos. Quem vive de gritos, pode até deter o poder, mas não tem o respeito de ninguém, até porque respeito não se impõe com gritos. Respeito conquista-se.
O Pregador afirma que não se ganha nem no grito, nem utilizando a força. A vitória acontece quando atuamos como pacificadores (Mt 5.9), quando demonstramos que somos filhos de Deus e não nos deixamos vencer pelo mal, mas vencemos o mal com o bem (Rm 12.21). A vitória só é possível quando dependemos de Deus e do seu agir em nossas vidas.