Sapatos novos
Atualizado: 7 de jan. de 2020
Há pessoas que vivem suas vidas como se estivessem utilizando um sapato velho. Já estão acomodadas, completamente habituadas e por isso, vivem a rotina, a mesmice.

A vida pode ser encarada de duas maneiras. A primeira delas é como quem usa um par de sapatos antigos. Sapatos usados já não causam dor. Nossos pés já se habituaram. Eles ficaram macios, já não provocam calos. Nossos pés ficaram habituados e sempre que pensamos sair, eles são os escolhidos e preferidos. Contudo, a vida também pode ser encarada como quem utiliza um par de sapatos novos. É agradável no princípio, mas por ainda não estar amaciado, torna-se incomodo, cria calos e causa dor. É um prazer, mas também é uma experiência angustiante, até que amolda-se, cede e a pessoa acostuma-se com ele e passa a tê-lo como um dos seus preferidos também.
Há pessoas que vivem suas vidas como se estivessem utilizando um sapato velho. Já estão acomodadas, completamente habituadas e por isso, vivem a rotina, a mesmice. Na verdade, são pessoas deixaram de viver e apenas existem, sobrevivem.
O comodismo paralisa. Ele destrói sonhos, impede-nos de enfrentar novos desafios e porque a mesmice impera, vive-se a máxima de Chico de que a pessoa faz tudo sempre igual. Sim, segue pelo mesmo caminho para o trabalho, vai sempre para os mesmos lugares, come sempre as mesmas comidas e até parece que a vida se repete, tudo por causa do comodismo e mesmice que se vive. Entretanto, existem pessoas que vivem como se estivem a calçar um par de sapatos novos. Sentem o prazer e o pulsar das novas situações, as dores, mas seguem adiante percebendo que as dores têm fim. Estas fazem parte do processo, mas a dor de hoje é a garantia de uma situação confortável amanhã.
Há pessoas que vivem sem medo de deixar para trás o velho. Renovam-se e arriscam começar de novo e seguir por novos caminhos. Não querem a mesmice. Dizem não a uma rotina geradora de uma vida vazia e sem sentido. Inovam-se e renovam-se a cada dia. Buscam novos caminhos, novas possibilidades e não têm medo de arriscar. A questão é: Na caminhada da vida, qual sapato usamos?
Percebo que não fujo à maioria e diante das muitas situações, sigo o fluxo e ajusto-me, utilizando sapatos velhos. Prefiro o conforto do comodismo, a ter que encarar novos desafios. É mais fácil e menos doloroso. Mas percebo que, a vida para ser vivida com sentido e tendo sentido na vida, é necessário por os sapatos novos. Por mais que não queira ter, os calos irão aparecer, as dores precisam ser sentidas, mas a caminhada deve ser feita e em novidade de vida. Seguir na senda do comodismo é deixar de se surpreender com as maravilhas da jornada.
Um dos textos mais maravilhosos, que ilustra bem esta realidade é quando Jesus vem andando sobre as águas e Pedro, ousadamente pede para ir ter com Jesus. Onze ficaram no comodismo do barco. Deixaram-se na arquibancada da vida. Seguros e tranquilos. Pedro ousou, obedecendo o chamado de Jesus e por isso, e tão somente por isso, andou sobre as águas. É verdade, ele titubeou, na hora da dor, do aperto, mas clamou ao Mestre e foi socorrido. Regressou para o barco com o Mestre e creio que foram andando. Quem arrisca torna-se protagonista da história e não apenas expectador.
Quem opta por seguir a vida como quem está com um par de sapatos velhos, jamais sairá do barco. Quem ousa experimentar sapatos novos, enfrentará as dores, mas também será surpreendido com experiências maravilhosas.
Eu não quero uma vida estilo sapatos velhos. Quero andar de sapatos novos, por mais doloroso que possa ser os primeiros dias. Não quero ser expectador, que ser protagonista na história da vida e na minha vida.
Autor: Pr. Marcos Amazonas