Seja íntegro!

A cena aconteceu num jogo de futebol do campeonato inglês. O árbitro marcou a falta e ia mostrar o cartão ao agressor que seria expulso, mas o jogador que sofreu a falta correu em sua direção, disse que não havia sido falta e além disso, o seu time devolveu a bola para a equipe adversária. Parece algo simples, mas devo lembrar que o time do jogador que tomou tal atitude estava perdendo o jogo, mas ele preferiu que não acontecesse algo de irregular na partida.
Esta cena dá-nos lições sérias, e não podemos desprezá-las. A primeira é a lição da integridade. O jogador preferiu que seu adversário ficasse em campo, reconheceu que não sofreu a falta, mesmo seu time estando perdendo. Ele não dissimulou, não agiu com falsidade e hipocrisia. Foi autêntico, verdadeiro, mostrou-se íntegro. Um ser completamente inteiro, pois como afirma Kushner (2001, pp 116-117) “Integridade significa ser inteiro, indiviso. Descreve uma pessoa que uniu diferentes partes da sua personalidade de forma que já não existe uma cisão na sua alma”. Aquele jogador se mostrou íntegro, pacificado consigo mesmo. É interessante ver que tanto judeus como muçulmanos e as cartas neotestamentárias fazem a saudação desejando paz. É a expressão shalom, e essa expressão “significa mais que ausência de querelas. Shalom significa inteireza, tudo adequando-se em conjunto, nada a faltar e nada dividido. (…) Desejar a alguém shalom é desejar-lhe a bênção da inteireza e da integridade”. (2001, p 118). Que tal e qual o jogador, manifestemos paz em nosso ser e sejamos pessoas íntegras.
Outra lição que aprendo com a atitude demonstrada por aquele jogador, é que não vale tudo para se conseguir a vitória. É preciso cumprir as regras. É preciso fazer um jogo limpo, e pensando na atitude dele, lembrei-me do que escreveu o apóstolo Paulo sabendo que seus dias estavam chegando ao fim: “Quanto a mim, já estou sendo derramado como oferta de libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combati, terminei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.6-7). No jogo da vida, precisamos jogá-lo de forma honesta e verdadeira.
Por último, aprendo que não posso me beneficiar prejudicando o outro. O jogador não permitiu que seu adversário fosse expulso. Não aceitou se beneficiar com tal atitude. Da mesma maneira que nós não gostamos de ser injustiçados e desprezados, não podemos agir com injustiça e desprezo em relação ao outro. Aqui, cabem as palavras de Jesus: “Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”(Mt 7.12).
Viva em paz, seja íntegro!