Sem preconceito

A selecção brasileira de futebol realizou um jogo amistoso na Espanha, país onde frequentemente o jogador Vinícius Júnior sofre ataques reiterados de racismo. Ainda nesse dia, momentos antes do jogo, o preconceito se fez presente quando Felipe Silveira, assessor do atleta, foi entrar no estágio quando um segurança sacou do bolso uma banana, apontou para ele e afirmou: “mãos ao alto, essa é a minha arma para você”. É sabido que o preconceito não é fruto dos nossos dias, pois é algo que se arrasta através da história da humanidade. Nos tempos de Jesus, ele lidou com essa chaga social ao ver pessoas sofrendo por causa dele. A Bíblia relata como Jesus lidou com os párias da sociedade, mesmo aqueles que tinham muito dinheiro e eram desprezados. Um bom exemplo é o que encontramos no evangelho de Lucas:
“Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos. Tentava ver Jesus, mas era baixo demais e não conseguia olhar por cima da multidão. Por isso, correu adiante e subiu numa figueira-brava, no caminho por onde Jesus passaria. Quando Jesus chegou ali, olhou para cima e disse: Zaqueu, desça depressa! Hoje devo hospedar-me em sua casa. Sem demora, Zaqueu desceu e, com alegria, recebeu Jesus em sua casa. Ao ver isso, o povo começou a se queixar: Ele foi se hospedar na casa de um pecador! Enquanto isso, Zaqueu se levantou e disse: Senhor, darei metade das minhas riquezas aos pobres. E, se explorei alguém na cobrança de impostos, devolverei quatro vezes mais! Jesus respondeu: Hoje chegou a salvação a esta casa, pois este homem também é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar os perdidos.” (Lucas 19.1-10).
O que aprendemos com esse texto?
O texto ensina que todas as pessoas devem ser tratadas com dignidade. O bom exemplo disso é Zaqueu, um homem rico, chefe dos cobradores de impostos, corrupto e odiado pelo povo de Israel. Fatalmente, ele era desprezado e as pessoas de reputação jamais se sentariam ao seu lado. Entretanto, Jesus, ao passar pela figueira brava, para e o chama pelo próprio nome. Note Jesus reconheceu a humanidade de Zaqueu, valorizou-o como ser humano e reconheceu-o como alguém que é digno e que deve ser tratado com respeito e dignidade. O Senhor não passou ao largo e não o deixou pendurado ali, naquela árvore.
O texto também ensina que quando reconhecemos a dignidade das pessoas temos a coragem de conviver com elas. Veja, Jesus reconheceu Zaqueu como ser humano digno, alguém que precisava ser notado e valorizado como ser humano. Em seguida, afirma o texto, o Mestre entra na casa de Zaqueu. Não é apenas reconhecer o outro, é conviver, parar para poder escutá-lo e partilhar a vida em comunhão e estar com ele.
Por último, o texto reconhece que não há ser humano que esteja em segundo plano. É magnífico ver Jesus afirmando que Zaqueu era tão judeu quanto qualquer outro. Numa sociedade preconceituosa, que alija pessoas, é preciso resgatar essa mensagem de Cristo e afirmar que todas as pessoas são tão humanas tais quais aquelas que as estão alijando-as e tentando deixá-las fora do convívio social.
Felipe Silveira, assessor do jogador Vinícius Júnior e tantos outros, são diariamente, vítimas de preconceito. Essas pessoas são destratadas e postas de lado, sem que haja alguém que as defenda. Entretanto, Jesus nos ensina a ter uma atitude diferenciada e agir sem preconceito. Qual tem sido a nossa atitude no trato com as pessoas?