Sem resposta

Samuel Úria, cantor e compositor português, tem uma das mais belas canções que retratam a entrega do Senhor Jesus e a maneira como Ele silenciou diante dos seus algozes e fê-lo para que o cálice não passasse por nós. Samuel Úria tem a capacidade de pegar os temas centrais da fé e torná-los em canções que as suas canções são pura graça. A canção “Ei-lo”, apresenta-nos o Senhor Jesus diante do tribunal, sendo julgado, permanecendo calado, não ousando defender-se ao aceitar a pena que lhe foi imposta. O profeta Isaías, 700 anos antes da crucificação, escreveu:
Quem creu em nossa mensagem? A quem o Senhor revelou seu braço forte? Meu servo cresceu em sua presença, como tenro broto verde, como raiz em terra seca. Não havia nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que nos atraísse. Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo. Demos as costas para ele e desviamos o olhar; ele foi desprezado, e não nos importamos. Apesar disso, foram as nossas enfermidades que ele tomou sobre si, e foram as nossas doenças que pesaram sobre ele. Pensamos que seu sofrimento era castigo de Deus, castigo por sua culpa. Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados. Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o Senhor fez cair sobre ele os pecados de todos nós. Ele foi oprimido e humilhado, mas não disse uma só palavra. Foi levado como cordeiro para o matadouro; como ovelha muda diante dos tosquiadores, não abriu a boca. Condenado injustamente, foi levado embora. Ninguém se importou de ele morrer sem deixar descendentes, de sua vida ser cortada no meio do caminho. Mas ele foi ferido mortalmente por causa da rebeldia do meu povo. Não havia cometido nenhuma injustiça e jamais havia enganado alguém. Ainda assim, foi sepultado como criminoso, colocado no túmulo de um homem rico. Fazia parte do plano do Senhor esmagá-lo e causar-lhe dor. Quando, porém, sua vida for entregue como oferta pelo pecado, ele terá muitos descendentes. Terá vida longa, e o plano do Senhor prosperará em suas mãos. Quando ele vir tudo que resultar de sua angústia, ficará satisfeito. E, por causa de tudo que meu servo justo passou, ele fará que muitos sejam considerados justos, pois levará sobre si os pecados deles. Eu lhe darei as honras de um soldado vitorioso, pois ele se expôs à morte. Foi contado entre os rebeldes; levou sobre si a culpa de muitos e intercedeu pelos pecadores” (Is 53.1-12).
Quais são as lições que esse texto traz para nós?
A primeira lição que o texto ensina é que o Senhor enfrentou o desprezo e a rejeição por amor de nós. Jesus ficou calado, não se defendeu, enfrentou o desprezo, a rejeição e o escárnio em silêncio. Fê-lo por amor e, apesar disso, tal e qual o povo daqueles dias que lhe virou às costas, ainda hoje, em nossos dias, muitos lhes viram às costas e continuam a rejeitá-lo e desprezá-lo.
A segunda lição que o texto ensina é que o Senhor calou-se porque decidiu levar sobre Si mesmo todas as nossas mazelas. O profeta declara que cada um seguia o seu próprio caminho e a verdade é que, cada vez mais, numa sociedade hedonista, permissiva, cada um segue por onde bem deseja, mas o Senhor tomou sobre Si todas as nossas falhas, todos os nossos erros e sofreu o castigo para que fôssemos restaurados.
Por último, o texto ensina que foi por aceitar em silêncio todo o escárnio que aqueles que n’Ele confiam são justificados. Calado, assumindo a nossa culpa, o Senhor morreu cravado na cruz e ali, Ele pagou o preço por nossas vidas e, por tal sacrifício, fomos justificados.
Samuel Úria, em sua canção nos questiona como imitar o homem que se calou? Entretanto, quero ir mais além e perguntar: Vais continuar a desprezar aquele que morreu por ti?