Sensibilidade

As notícias, ou melhor dizendo, os relatórios sobre o Covid-19 não são animadoras. Vivemos um momento de incerteza e a economia mundial entrou em crise. O mundo mudou, e, não podemos dizer que estamos vivendo o momento pós pandemia, pois esta continua a ceifar vidas.
Diante da tragédia e da incerteza do momento atual, os políticos não têm respostas e alguns, atuam de forma irresponsável, outros, por sua vez, são extremamente cuidadosos e cada um defende seu posicionamento. A verdade é que, a população queixa-se de ambos, e também, está perdida no meio do caos que se vive. Contudo, este momento tem gerado solidariedade e protestos por todas as partes. O ser humano está mostrando o seu melhor e o seu pior diante do que estamos vivendo.
Hoje, vi dois vídeos de um protesto pacífico, que ocorreu na praia de Copacabana, onde a ONG Rio de Paz, para homenagear os que morreram por causa do Covid-19, seus integrantes fincaram dezenas cruzes na areia. Entretanto, um homem que não concordou com tal ato, invadiu o espaço e derrubou várias dessas cruzes e em seguida, outro senhor, mas novo, foi erguendo às cruzes derrubadas e dizendo que seu filho havia morrido por causa do Covid-19. Por um lado, a revolta e o partidarismo político, e do outro, a dor de um pai que perdeu o filho e mais uma vez confusão.
Vi revolta e indiferença por parte de um homem e um grupo de pessoas que o aplaudia, mas também vi solidariedade e empatia. Não é o momento de partidarizar tudo. O momento que vivemos é de solidarizarmo-nos com os que estão em sofrimento. Quando vi o vídeo, minha vontade foi juntar-me ao pai que perdeu o filho e caminhar com ele, pois sua dor era visível e ele sabia o que aquele momento representava.
Foi olhando para aqueles vídeos que lembrei das palavras do apóstolo Paulo: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” (Rm 12.15). Eis o motivo pelo qual eu juntar-me-ia ao pai que perdeu seu filho. Solidariedade e empatia. Sim é preciso sentir a dor do outro e colocarmo-nos no lugar dele, para assim, compreender a situação.
Quando me deparei com estes vídeos, pude reconhecer o que disse Edith Eger, em todos nós há um Hitller e uma Corrie Ten Boom, e cabe a cada um de nós, optarmos por quem desejamos ser. Eu de minha parte espero nunca destruir cruzes, mesmo que simbólicas, pois as mesmas transmitem uma mensagem. Espero sinceramente caminhar ao lado dos que choram e sofrem, mas também quero no momento certo me alegrar com aqueles que festejam.
Diante dos vídeos, vi sensibilidade e insensibilidade e a verdade é que essas duas características residem em mim e em cada um de nós. Contudo, que possamos sempre, demonstrar sensibilidade e nos solidarizemos com o nosso próximo.